Covid: pesquisador diz que estudo foi censurado pela Saúde em coletiva
Ex-reitor da UFPel afirma que teve apresentação sobre taxas de infecção censurada pelo Ministério da Saúde
atualizado
Compartilhar notícia
O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, afirmou, nesta quinta-feira (24/6), ter sido censurado em coletiva de imprensa no Ministério de Saúde para apresentação de estudos sobre o grau de infecção pelo novo coronavírus em diferentes grupos étnicos.
Hallal revelou que, em coletiva no Palácio do Planalto, foi informado pela assessoria de imprensa da pasta, com 15 minutos de antecedência, de que um slide da apresentação seria removido.
“O monitoramento [do estudo] foi interrompido, e este slide, no qual eu apresentei os resultados sobre a diferença entre os grupos étnicos, foi censurado na coletiva de imprensa no Palácio do Planalto”, relatou.
O slide citado pelo pesquisador faz parte de estudo que monitorou as taxas de infecção entre brancos, pardos, negros e indígenas. A pesquisa mostra infecção cinco vezes maior entre as populações indígenas e duas vezes maior entre os negros.
“Incomoda muito a nós, pesquisadores, quando é dito que a Covid afeta todos. Ela pode até afetar todos, mas em intensidades muito diferentes. Em todas as três fases, as pessoas mais pobres tiveram o dobro do risco de infecção do que as pessoas mais ricas desse país”, explicou.
Nesse momento, o pesquisador foi interrompido pelo líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra (MDB-PE). “Esse estudo que permitiu ao governo federal priorizar a vacinação da população indígena, que inclusive está praticamente 100% vacinada”, defendeu.
A CPI da Covid promove, nesta quinta, uma audiência pública com Hallal e a diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck.