Covid-19 já infectou ao menos nove deputados federais e seis senadores
Com retomada das atividades presenciais no Congresso em análise, há receio de que a proliferação do vírus aumente nas Casas
atualizado
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Desde a chegada do novo coronavírus no país, até agora, ao menos 15 parlamentares, entre senadores e deputados federais, testaram positivo para a Covid-19. As atividades presenciais nas Casas foram interrompidas por causa da pandemia, contudo, o Congresso tem analisado a possibilidade de retomar sessões presenciais. Essa iniciativa preocupa porque, enquanto isso, os números de casos e de mortes pelo vírus seguem aumentando no país.
Seis senadores testaram positivo para o novo coronavírus – cinco tiveram os sintomas da Covid-19 e um não teve nenhuma reação. Em março, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e os senadores Nelsinho Trad (PSD-MS) e Prisco Bezerra (PDT-CE) foram diagnosticados com a doença.
Em maio, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), que é cadeirante, contraiu o vírus, aparentemente de sua cuidadora. E, em junho, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) testou positivo. Um senador que não quis se identificar também testou positivo, segundo o Senado.
Em relação aos deputados federais, ao menos nove informaram publicamente que foram infectados com o coronavírus. O número exato de parlamentares contaminados foi solicitado pelo Metrópoles à Câmara dos Deputados, mas não houve retorno.
Veja a lista de deputados que revelaram ter contraído o vírus:
- Cezinha de Madureira (PSD-SP)
- Silas Câmara (Republicanos-AM)
- Ricardo Barros (PP-PR)
- Wladimir Garotinho (PSD-RJ)
- Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ)
- Júlio César (PSD)
- Coronel Tadeu (PSL-RJ)
- Daniel Silveira (PSL-RJ)
- Darci de Matos (PSD-SC)
Celeiro de Covid-19
Quando os números de casos de Covid-19 no Brasil começaram a subir, autoridades de Saúde passaram a recomendar o isolamento social como forma de diminuir a proliferação do vírus. Com isso, as atividades na Câmara dos Deputados e no Senado foram interrompidas. Na Câmara, até há sessões híbridas, com pequena parte dos parlamentares comparecendo ao plenário, como nessa terça-feira (21/7), para a votação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Na ocasião, foi aprovada a proposta que renova o fundo e amplia gradualmente a contribuição da União, até o percentual de 23% a partir de 2026.
Segundo a infectologista Ana Helena Germoglio, há riscos na volta das atividades presenciais no Congresso. Isso porque trata-se de um local com grande circulação de pessoas e, por isso, aumentam as chances de contaminação pelo coronavírus. Além disso, a Câmara e o Senado são espaços fechados. Não há janelas nos plenários, o que dificulta a circulação de ar.
“Qualquer lugar onde a gente promova aglomeração é um risco maior de contágio. Nesse caso, cabe o julgamento do parlamentar se realmente é necessário comparecer na sessão. Sempre que pudermos priorizar as atividades que evitem aglomeração – e lá não é diferente –, é o ideal. E isso vale para qualquer tipo de serviço. O não contato é sempre melhor”, avaliou a infectologista.
Para Ana Helena, a forma ideal de continuidade das atividades parlamentares seria utilizar os meios on-line. Mas, caso não haja essa opção, que os deputados se exponham “de maneira adequada”, usando os equipamentos indicados pelas autoridades de Saúde. “Se eles exigem que a população cumpra as medidas, também precisam dar exemplo”, falou.
O Metrópoles entrou em contato com as Casas para saber quais medidas serão tomadas em caso de retorno das sessões presenciais. A Câmara se limitou a dizer que “não há previsão para a retomada das atividades”. Os sindicatos que representam os servidores da Câmara e do Senado também foram procurados, mas não se manifestaram. O espaço continua aberto.