Coronel Lawand leva “cola” para a CPI: “Não aloprar” e “sem cagoete”
Lawand Júnior depôs na CPI do 8/1 e tentou isolar Jair Bolsonaro e o Alto Comando do Exército de relação com mensagens com teor golpista
atualizado
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Na CPI do 8/1 no Congresso Nacional, o coronel Jean Lawand Júnior levou uma “cola” com algumas orientações de como se comportar durante o depoimento realizado na tarde desta terça-feira (27/6). A imagem da “colinha” aponta que o militar foi orientado a, entre outras coisas, “não aloprar” e falar “sem cagoete”. Ou seja: não “delatar” ou “dedurar”.
As orientações para Lawand eram:
- Se alimentar
- Não aloprar
- Sem cagoete
- Não perca emocional
- Mãos juntas
- Oração
- Cara serena
Em uma foto tirada pela fotógrafa da Folha de São Paulo Gabriela Biló é possível observar as orientações para a participação do coronel do Exército Jean Lawand Júnior durante a CPI do 8 de janeiro no Congresso Nacional.
As instruções foram questionadas pelo senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). O líder do governo no Congresso Nacional perguntou se o militar foi orientado a não entregar companheiros que poderiam ser alvo da CPI. O militar disse que não se tratava de “sem cagoete”, e sim de não fazer “cacoete”, termo utilizado para referir-se a tiques nervosos ou comportamentos semelhantes.
A relatora da CPI, Eliziane Gama (PSD-MA), também questionou o depoente: “Não cacoete ou não caguetar? Eu queria apenas que o senhor me explicasse”. Lawand assegurou ter um tique nervoso e, por isso, moveu a cabeça para o lado várias vezes, no que seria um “cacoete”.
Mas a imagem é clara: “Sem cagoetar”, diz a terceira dica da “cola”. “Cagoete”, de acordo com o Dicio, significa: “Indivíduo fofoqueiro, que vive fazendo intrigas e boatos. Aquele que acusa ou denuncia outra pessoa; delator, denunciador. Etimologia (origem da palavra cagoete). De alcaguete”. Outro significado atrelado ao termo é o de “espião” infiltrado, a serviço das forças policiais.
E não “caguetou”
Durante seu depoimento, Lawand tentou blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou o Alto Comando do Exército de qualquer relação com as mensagens de cunho golpista. Ele não foi defendido, porém, pela maioria da bancada bolsonarista da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.
A oitiva com Jean Lawand Júnior aconteceu porque no celular de Mauro Cid foram encontradas mensagens do militar pedindo ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro interferência para convencer o então presidente da República e as Forças Armadas a darem um golpe de Estado. O coronel não aceitava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro de 2022.