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COP27 expõe diferenças entre Lula e Bolsonaro, dizem especialistas

Presidente eleito, Lula passou três dias no Egito, onde fez reuniões bilaterais, conversou com a sociedade civil e discursou na COP27

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O presidente eleito Lula acena após discurso na COP27, no Egito - Metrópoles
1 de 1 O presidente eleito Lula acena após discurso na COP27, no Egito - Metrópoles - Foto: Christophe Gateau/picture alliance via Getty Images

Enviado especial a Sharm El-Sheikh – A participação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), realizada em Sharm El-Sheikh, no Egito, expõe uma diferença gritante em relação ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na política internacional.

Além disso, anuncia ao mundo a retomada do papel do Brasil como protagonista da agenda climática, avaliam especialistas.

A ida de Lula a Sharm El-Sheikh foi a sua primeira viagem internacional após ser eleito no último dia 30. O petista ficou três dias em terras egípcias, onde se reuniu com autoridades da China, Estados Unidos, Espanha, Alemanha, Noruega e Egito, além do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do chefe de Política Climática da União Europeia, Frans Timmermans; participou de encontros com a sociedade civil brasileira e lideranças indígenas; e discursou na blue zone da COP, onde ocorrem as negociações.

Em sua principal fala, feita na quarta-feira (16/11), Lula afirmou que seu governo vai priorizar o combate às mudanças climáticas, cobrou recursos de países ricos e propôs uma aliança global pelo fim da fome.

“Esse é um dos principais pontos de diferenciação entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil isolado nos últimos anos. A política externa foi uma marca dos primeiros oito anos de Lula, e isso volta a aparecer agora. Por outro lado, o tema mais contencioso da política externa do governo Bolsonaro talvez tenha sido justamente a agenda ambiental”, avalia o cientista político Guilherme Casarões, ao Metrópoles.

“Astro do Rock”

Casarões destaca também que Lula foi recebido no Egito como chefe de Estado, não só por parte dos apoiadores, mas também por parte da comunidade internacional. A agência Reuters chegou a descrever o petista como um “astro do Rock”, devido ao grande número de pessoas que o acompanharam.

“Ele [Lula] deixou muito claro o papel que ele quer que o Brasil tenha no mundo em desenvolvimento: ser o país que vai liderar o combate à emergência climática”, avalia o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP, em conversa com o Metrópoles. O cientista destaca ainda que o Brasil tem toda condição de ser um dos primeiros países do mundo a atender as metas do Acordo de Paris para redução das emissões.

Para Laryssa Almeida, coordenadora de análise e conteúdo do Dharma Politics, a ida de Lula ao evento “provou-se uma manobra astuta e suficientemente forte em termos estratégicos para abrir caminho para uma reinserção internacional do Brasil após quatro anos de considerável isolamento”. “Lula sinaliza ter por pretensão desenvolver uma política externa muito voltada para o combate à mudança climática, com a possibilidade de que a temática ambiental como um todo tenha também um impacto sobre a dinâmica interna de seu vindouro terceiro mandato”, acrescenta ela.

Bônus econômico

Doutor em relações internacionais, Igor Lucena destaca, por sua vez, o bônus econômico conquistado por Lula com a volta do Fundo Amazônia, desativado no governo Bolsonaro. Após a eleição do petista, Noruega e Alemanha retomaram o financiamento para a preservação da floresta.

Em participação no Hub da Amazônia Legal na COP27, o diretor da Iniciativa Internacional de Clima e Floresta da Noruega, Andreas Jorgensen, afirmou de Lula tem um importante significado para a Amazônia e para o mundo. “O Brasil mostrou os melhores resultados da história de mitigação no governo Lula. Agora, temos o presidente eleito dizendo que quer repetir esse feito, o que é de um significado global enorme”, disse Jorgensen, ao frisar que é necessário ir além do Fundo Amazônia.

“Na política não existe vácuo, e o fato de Bolsonaro não participar dessas discussões deu espaço para Lula assumir essa liderança”, comenta Lucena.

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