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Convenção é ponto de partida do desembarque do PMDB do governo

Cúpula da legenda decidiu que o processo de abandono deve durar um mês, até que o diretório nacional do partido se reúna para sacramentar o rompimento. Mas grupo oposicionista quer saída imediata

atualizado

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CHARLES SHOLL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
PMDB, convenção
1 de 1 PMDB, convenção - Foto: CHARLES SHOLL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A convenção nacional deste sábado (12/3) será o ponto de partida do desembarque do PMDB do governo da presidente Dilma Rousseff, avaliam líderes da legenda. A cúpula da legenda decidiu que o processo de abandono deve durar um mês, até que o diretório nacional do partido se reúna para sacramentar o rompimento. O encontro que vai definir o futuro dos peemedebistas começou às 9h em Brasília.

“Não vai ser definido amanhã (hoje) porque não está pautado. Vamos dar um passo adiante porque vamos submeter ao plenário uma proposta para decidir em 30 dias”, afirmou Eliseu Padilha (foto), ex-ministro do governo Dilma e um dos principais articuladores do PMDB.

A decisão de estabelecer esta espécie de “aviso prévio para o governo” envolveu uma série de reuniões com o vice-presidente da República, Michel Temer (SP), os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), além do ex-presidente da República José Sarney (AP) – que deverá ser escolhido presidente de honra do partido.

Neste sábado os peemedebistas vão eleger a nova liderança da legenda,. A expectativa é de que o atual presidente nacional da sigla, Michel Temer, vice-presidente da República, seja reeleito. Temer deve chegar ao evento por volta do meio-dia, quando fará um discurso. O resultado da eleição da executiva será divulgado no fim do dia.

Ministério
Além de não estar na pauta oficial, peemedebistas dizem querer evitar o desgaste de anunciar o desembarque e, na próxima semana, receber mais um ministério: a Secretaria de Aviação Civil, prometida à bancada de Minas Gerais em troca de apoio à recondução de Leonardo Picciani (RJ) à liderança do partido na Câmara.

Os peemedebistas querem também ter a garantia de que o “divórcio” será aprovado, apesar de acreditarem que terão apoio da maioria do diretório nacional. O PMDB tem atualmente, além da Vice-Presidência, seis ministérios – Saúde, Ciência e Tecnologia, Minas e Energia, Agricultura, Turismo e Portos. Se o desembarque se confirmar, os ministros serão orientados a deixar as respectivas pastas.

A ala oposicionista acredita que os focos de resistência serão pontuais, pois a maioria aceitará abrir mão do cargo tendo em vista a perspectiva de que Temer assuma a Presidência, caso Dilma seja derrotada no processo de impeachment no Congresso. Ao longo dos próximos 30 dias, a orientação é não intervir no processo de decomposição do governo. Os parlamentares deverão ser oficialmente liberados para não votar de acordo com os interesses do Planalto.

Oposição
Apesar de a cúpula do PMDB ter decidido estabelecer um “aviso prévio” de 30 dias para desembarcar do governo da presidente Dilma Rousseff, diversos grupos apresentarão moções solicitando o desembarque imediato da legenda. Esses documentos não serão votados na convenção nacional, mas servem como gesto político.

Na moção apresentada pela ala oposicionista do PMDB, parlamentares requerem “a imediata saída do PMDB do governo, com a entrega dos cargos em todas as esferas do Poder Executivo Federal, importando a desobediência a esta decisão da convenção nacional em instauração de processo ético contra o filiado”.

No texto, o grupo cita as crises política e econômica do País, salientando também a “crise ética e moral que assola a Nação” e reforçam a insatisfação do PMDB com o governo, em linha semelhante à já expressada por Temer em carta a Dilma em dezembro do ano passado.

“Considerando que os peemedebistas, embora com assento no governo federal, jamais tiveram suas propostas consideradas, não sendo convidados a participar das decisões governamentais que levaram a essas crises”, diz trecho da moção.

Carta de Brasília
O grupo também apresentou uma “Carta de Brasília”. O documento é assinado por deputados estaduais e federais, mas, segundo o Estadão apurou, senadores como Romero Jucá (RR) também ajudaram a redigir o documento. O senador Valdir Raupp (RO) já se disse favorável ao desembarque.

“A mais grave das crises atinge a nação brasileira. Ela une a degradação rápida da nossa economia, o empobrecimento vertiginoso da nossa população, com a falência ética e moral nas relações políticas, e, coma falta de credibilidade do governo nacional”, diz o texto da carta.

No documento, os peemedebistas dizem que “demônios” exorcizados da sociedade brasileira voltaram ao País, como a inflação e o desemprego. “Na base de tudo está uma condução desastrada do País, sem rumo e sem esperanças de melhora para a sociedade”. O documento chama o governo atual de “inchado” e “desacreditado”.

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