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Contra desgaste, Bolsonaro reavalia nomes ligados ao clã para PF

Presidente foi alertado que escolher nomes ligados a ele e aos filhos neste momento pode potencializar as acusações de Moro

atualizado

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Em uma tentativa de minimizar desgastes do governo, o presidente Jair Bolsonaro reavaliou nesse sábado (25/04), se a indicação do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, como sucessor de Sergio Moro no Ministério da Justiça é a melhor opção.

Dada como certa até a noite de sexta-feira (24/04), a escolha para o comando da Polícia Federal de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também está sendo repensada.

O motivo é que ambos são considerados homens de confiança do presidente e de seus filhos. Bolsonaro foi alertado que nomeá-los neste momento pode potencializar as acusações de Moro, que ao se demitir disse que o presidente queria fazer interferência política na Polícia Federal e ter acesso a relatórios de inteligência.

De acordo com os auxiliares do Palácio, as discussões sobre o futuro do Ministério da Justiça e da Polícia Federal avançarão por todo o fim de semana. Nesta manhã, Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada Jorge Oliveira e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, a quem a Abin é subordinada. Cotado para o Ministério da Justiça, o próprio chefe da Secretaria-Geral é um dos que alertam para o risco de sua indicação ser encarada como uma comprovação de que as acusações de Moro estavam corretas.

A nomeação de Ramagem aguardava apenas publicação no Diário Oficial da União (DOU), mas passou a ser considerada incerta após o ministro Moro divulgar troca de mensagens com o presidente e com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). As imagens foram reveladas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e confirmadas pelo Estado.

Nelas, Bolsonaro cita uma investigação contra seus aliados como motivo para troca de Maurício Valeixo no comando da PF. Por sua vez, Zambelli pediu a Moro que aceitasse a nomeação de Ramagem em troca de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). “Prezada, não estou à venda”, respondeu o então ministro.

O grupo mais próximo ao presidente tenta encontrar nomes que possam ter respaldo na opinião pública e livrar o governo de críticas. Bolsonaro, por sua vez, insiste que precisa ter uma pessoa de confiança nesses cargos estratégicos e evitar repetir o desgaste com Moro.

Entre os nomes que estão sendo sondados estão o do ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo e atual candidato a prefeito de Santos Ivan Sartori e do desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O nome do Advogado-Geral da União, André Luiz Mendonça, também passou a ser visto como uma opção, mas contra ele pesa o fato de ser próximo a Jorge Oliveira.

Homens de confiança
Alçado ao cargo de ministro em junho de 2019, Jorge Oliveira tem uma relação familiar com o clã Bolsonaro, onde é chamado de Jorginho. Filho do capitão do Exército Jorge Francisco, morto em 2018, que por 20 anos foi chefe de gabinete de Bolsonaro, Oliveira é advogado, major da Polícia Militar. Ele foi chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e também padrinho de casamento do parlamentar.

Oliveira iniciou o governo no comando da Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), mas, ainda na transição, mostrava sua influência. Ele ajudou Bolsonaro na escolha de ministros, como o advogado-geral da União, André Luiz Mendonça.

Ao chegar à Secretaria-Geral, se tornou um dos mais influentes ministros do governo. Considerado discreto por amigos e “astuto” por seus críticos, Oliveira também passou a ser cotado para ser indicado a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

Já Alexandre Ramagem, delegado da Polícia Federal, entrou para o rol auxiliares de confiança do Planalto com o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Ao filho do presidente, é atribuída a nomeação de Ramagem para a Abin, em julho do ano passado.

A aproximação entre Carlos e Ramagem, delegado da PF desde 2005, ocorreu durante a campanha eleitoral, em 2018. Na época, o policial assumiu a coordenação da segurança de Bolsonaro após a facada sofrida pelo candidato em Juiz de Fora (MG). Como chefe da Abin, Ramagem passou a frequentar o gabinete presidencial com frequência.

Ao anunciar sua saída do governo, Moro relatou que Bolsonaro demonstrou preocupação com o andamento de inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), como o que apura ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da Corte e seus familiares.

Na última terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes abriu um outro inquérito para apurar “fatos em tese delituosos” envolvendo a organização de atos antidemocráticos, após Bolsonaro participar de protesto em Brasília convocado nas redes sociais com mensagens contra o STF e o Congresso. Outra apreensão do presidente é a apuração sobre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que trata de um esquema de “rachadinha” em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. O caso foi revelado pelo Estado.

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