Conheça os chocolates que Temer comprou a R$ 8 mil
O doce da marca Aquim é produzido na Bahia, já foi tema de palestra em Harvard (EUA) e é considerado um dos melhores do mundo
atualizado
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A rainha Elizabeth, o cantor Sting e os amigos do presidente Michel Temer têm algo em comum. Fazem parte de um seleto grupo de pessoas que já degustaram o Chocolate Q, da empresa Aquim, considerado um dos melhores do mundo.
A compra de sete caixas de bombons dessa marca por R$ 8 mil, pelo governo federal, deu o que falar na última semana. O doce é fabricado em uma fazenda no sul da Bahia. A monarca inglesa e o vocalista do The Police já receberam o mimo extravagante, que agora será dado a líderes de governos estrangeiros em visita ao Brasil.
Na parte superior, repousam três pedaços de chocolate que mais parecem joias. O outro compartimento tem bombons com seis graduações diferentes de cacau, sem adição de leite nem conservantes, e com pouco açúcar. A caixa (veja abaixo) vem dentro de uma bolsa, com uma pinça de ouro – que foi patenteada pela marca – para quebrar o chocolate e servi-lo sem tocá-lo, evitando a oxidação do produto.
“A família Aquim já tinha feito a festa de 100 anos do arquiteto e, quando foi mostrar para ele o chocolate que era produzido a partir do cacau da fazenda de Itabuna, na Bahia, Niemeyer ficou encantado”, contou o guia de uma exposição sobre o produto, Alessandro Michelon, ao jornal O Globo. “A caixa com meio quilo de chocolate é feita apenas duas vezes ao ano e vendida por R$ 1.860”, acrescentou, à época.
Uma das amostras dessa caixa foi enviada à rainha Elizabeth, da Inglaterra – a carta de agradecimento da monarca está exposta no Copacabana Palace. A Cruz Vermelha britânica, que recebeu outro exemplar, o leiloou por 10 mil libras.
Só para VIPs
A compra feita pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) inclui sete caixas com o chocolate artesanal de alta qualidade produzido no Brasil. Não há informação sobre quantas delas são da edição especial nem quais foram os modelos escolhidos pelo governo federal.
“Trata-se de fórmula especial, desenvolvida explorando as particularidades do cacau brasileiro, sem adição de castanhas ou aditivos comuns em chocolates industriais”, explicou a Pasta à ONG Contas Abertas, que monitora gastos públicos. O Cerimonial do Itamaraty afirmou à entidade que sempre presenteia as autoridades estrangeiras com produtos brasileiros de alta qualidade, “de forma a divulgar os produtos e a cultura nacionais”.
A Chocolate Q tem duas unidades da boutique no Rio de Janeiro – em Ipanema e no Copacabana Palace –, além de uma operação em Lisboa. Os preços dos chocolates vão de R$ 22 (barra de 50g) a R$ 94 – fora a edição especial na caixa folheada a ouro. Em Ipanema, a grife é vizinha a joalherias, na Rua Garcia D’Ávila. À primeira vista, quem olha a vitrine pode até não perceber que se trata de uma loja de doces. Ao entrar, o atendimento é cortês e há degustação de brownie.
“Nosso chocolate é como uma joia. É feito com cacau de um único lote, de uma única safra. Valorizamos os produtores e pagamos quatro vezes mais caro do que a indústria em geral pela matéria prima. Somos um tipo de projeto social”, explica um dos donos da marca, Rodrigo Aquim. A empresa também diz investir na cidade vizinha à fazenda, com projetos relacionados à educação.
Nosso sonho é que o Brasil possa recobrar a supremacia do chocolate. O cacau é uma planta brasileira, mas quando se pensa em chocolate vem à mente uma vaquinha na Suíça
Rodrigo Aquim
O chocolate Q0, o mais puro da Aquim e que vem na caixa de ouro, já foi tema de palestra na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais renomadas do mundo. A chef responsável pela marca, Samantha Aquim, foi ao departamento de nutrição falar sobre o processo de produção. Também expôs a embalagem de luxo na mostra American Art Latin da Sotheby’s, em Nova York.
Em 2013, as caixas da Coleção Q0 ganharam um Leão de Bronze no Festival de Cannes. No ano anterior, a Aquim venceu o prêmio de melhor chocolate no festival francês Sens & Chocolat, deixando para trás marcas como a Pierre Marcolini e a Valrhona, entre outras consideradas as melhores do mundo.
A pedido do Metrópoles, o chef de cozinha André Rochadel esteve na boutique Chocolate Q de Ipanema e avaliou o produto.Confira o que ele achou da experiência:
“Luzes e fumaça à parte, será que o produto em si é tão diferenciado? Apesar de toda a ostentação, seu preço não se difere tanto do de marcas de alto nível que produzem em grande escala, custando R$ 400 o quilo do chocolate, independentemente da graduação.
O brownie é sequinho e não impressiona, mas não é o carro-chefe. Experimentei, ou degustei, como seria mais adequado a toda a situação, a barra 95%. Saborosa e não agressiva, como os chocolates mais intensos, porém, nada memorável ou que a diferencie de outros produtos com alto teor de cacau.
O sabor do licor de cacau também é bem presente. Um diferencial é a textura, normalmente os chocolates com concentração máxima de cacau são duros e não se desfazem na boca, algo que ocorre com o Q95%. Daria de presente? Talvez pelo conceito.”
O Metrópoles promoveu um teste às cegas para saber se o chocolate Aquim sairia vencedor em uma degustação que envolveu diversas marcas. O resultado você vê aqui: