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Quais são as vozes e as mentes que vão às ruas pelo impeachment de Dilma

O “Metrópoles” acompanhou reuniões e protestos organizados pelos principais líderes do Fora Dilma para mostrar quem são, de onde vêm e pra onde vão

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Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 - Foto: Michael Melo/Metrópoles

“Queremos fugir desse bullying”, diz a engenheira civil Maria Luisa Furtado Guido, de 43 anos. Minutos antes, ela tomava o cuidado de tirar a carteira de grife, de couro azul cobalto, de um de seus colegas de cima da mesa, para evitar que a imagem aparecesse no vídeo do Metrópoles. “Estão colando na gente uma imagem que não é a nossa. Hoje, nós somos 93% da população indignada. Somos um grupo eclético, heterogêneo”, completa Malu, como é conhecida entre os amigos a militante do Vem Pra Rua.

Militantes do Vem Pra Rua se reúnem no restaurante Belini, em Brasília, para planejar protesto.
Militantes do Vem Pra Rua se reúnem para planejar protesto *Fotos: Michael Melo/Metrópoles**

Eram 19h30 de uma quarta-feira quando chegavam ao restaurante Belini, na Asa Sul, alguns dos idealizadores do ato que seria realizado no dia 16 de agosto. Embora o movimento se defina como suprapartidário, uma das maiores expectativas entre os coordenadores do grupo era de que comparecessem ao protesto lideranças políticas da oposição, como os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO), Aloysio Nunes (PSDB-SP) e o ex-presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG).

“Se eles viessem, seria espetacular. Daria uma p*** mídia para o movimento”, avaliava Jailton Almeida, de 37 anos. Professor de Ética em uma faculdade particular do DF, assim como Malu ele integra o conselho do Vem Pra Rua. Aliado a grupos como o Revoltados Online e ao Movimento Brasil Livre, o VPR tem organizado as mobilizações nacionais do Fora Dilma.

Organizadores do protesto do Fora Dilma, realizado no dia 16/9.
Organizadores do protesto do Fora Dilma, realizado no dia 16/8

De acordo com Almeida, o movimento já é vitorioso a partir do momento em que “aumenta o grau de politização” da sociedade. “Estamos a três anos das eleições e as pessoas estão discutindo política. Isso é ótimo”, diz o professor. “Acredito que essa é a nova esperança do país. Segundo a Constituição, o poder emana do povo. Então, quando as instituições respeitam a vontade do povo elas estão simplesmente cumprindo a sua obrigação democrática”, completa.

Questionada se a corrupção não seria algo que atinge também gestões anteriores ao PT, a empresária e fazendeira Juliana Dias, de 53 anos, nega que haja qualquer parcialidade. “Nós aqui das ruas não defendemos quem veio antes não. A gente defende que todos os partidos sejam punidos – quer seja PMDB, PSDB, PT. A gente quer moral, quer ética para todo mundo”, diz ela.

Nos protestos acompanhados pelo Metrópoles, petistas não eram bem-vindos. Nem qualquer pessoa que ousasse vestir vermelho. Entre os cartazes, sobravam metáforas de um PT destroçado e ensanguentado.

O mesmo valia para os gritos de guerra entoados por La Banda Loka Liberal, a responsável for viralizar os hinos do Fora Dilma país afora. Desde a marchinha “olha a roubalheira do PT, quem paga é você, quem paga é você” até “pé na bunda dela, o Brasil não é Venezuela”, passando por “chora, petista, bolivariano, a roubalheira do PT ‘tá’ acabando”, o tom de ódio ao PT predominava. Apesar disso, o grupo evita classificar os protestos como algo da direita.

É um movimento contra a esquerda

Maria Luisa Furtado Guido, engenheira civil, 43 anos.

“Podemos, sim, dizer que somos de direita a partir do momento que nos identificamos como capitalistas que querem um governo mais enxuto. Mas nós não somos contra coisas ditas socialistas, como ensino público, saúde pública e aposentadoria”, relativiza Malu.

Entre os entrevistados, vários têm militância partidária. Nas últimas eleições, Ludmila de Faro e Daisy Condé concorreram aos cargos de deputada federal e distrital pelo PSDB, respectivamente. Jefferson Banks é um dos entusiastas do recém-lançado Partido Novo e Aldecyr Maciel disputou uma vaga na Câmara Legislativa do DF, em 2010, pelo PDT. Nenhum deles foi eleito.

Prestação de contas
Embora cobre transparência dos políticos, o movimento Vem Pra Rua evita abrir detalhes sobre a origem de seu financiamento. Pela prestação de contas divulgada oficialmente, apenas R$ 14,7 mil foram arrecadados – tanto em dinheiro quanto em doações de produtos como camisetas, faixas e panfletos. O grupo se recusa a divulgar os responsáveis pelas doações.

“Muitos deles preferem não se expor”, explica o servidor público federal Aldecyr Maciel. “É diferente do governo, que tem uma obrigação legal de prestar contas de seus doadores. No nosso caso, seria uma opção. Mas nós explicamos como o dinheiro arrecadado é gasto”, diz Jefferson Banks.

Os famosos bonecos infláveis gigantes do Pixuleco, que satiriza o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário, e da Pixuleca, que traz a presidente Dilma Rousseff com uma faixa presidencial rasgada e um nariz de Pinóquio, custaram respectivamente R$ 12 mil e R$ 13,5 mil. O valor foi arrecadado pelo Movimento Brasil, coletivo independente dos outros grupos.

Prestação de Contas do movimento Vem Pra Rua no Distrito Federal.
Prestação de Contas do movimento Vem Pra Rua no Distrito Federal.

Aposta institucional
Passadas as manifestações dos dias 16 de agosto e 7 de setembro, o grupo decidiu concentrar estratégias na pressão institucional. Nas últimas semanas, o Vem Pra Rua tem buscado sensibilizar ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal de Contas da União (TCU).

Durante as reuniões, entretanto, os magistrados evitam sinalizar quais serão os posicionamentos adotados durante o julgamento. “É mais um monólogo, a gente diz qual é a nossa expectativa e o que os cidadãos estão cobrando”, resume a engenheira. “Queremos um julgamento técnico e não político.”

Além da atuação junto aos tribunais, o movimento também aposta no crescimento da adesão de deputados ao pedido de impeachment. Desde seu lançamento, no dia 10/9, o Movimento Parlamentar Pró-Impeachment conseguiu reunir mais de um milhão de assinaturas da população defendendo a saída da presidente Dilma Rousseff.

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