Congresso tem uma semana para impedir inédito “fechamento” do governo
Recesso parlamentar inicia oficialmente em 22 de dezembro, mas últimas sessões serão realizadas nesta semana. LDO 2021 precisa ser votada
atualizado
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O Parlamento brasileiro entra na última semana de votação, antes do recesso parlamentar, que inicia oficialmente em 22 de dezembro. Os parlamentares precisam aprovar, ao menos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2021, que está na pauta do Congresso Nacional, na próxima quarta-feira (16/12), para não provocar uma inédita paralisia da máquina no país – ou “shutdown”, como é conhecido.
Estas também são as últimas sessões comandadas pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na volta do recesso, em 1° de fevereiro de 2021, as duas Casas realizam eleições internas.
Pautas como a que concede alívio fiscal a estados e municípios, o projeto que regulamenta o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e a Medida Provisória 1003/20, que autoriza a adesão do Brasil à aliança global de vacinas contra a Covid-19, precisam ser votadas ainda este ano.
LDO
Mas nenhuma delas é tão impositiva quanto a LDO, que foi apresentada ao Congresso Nacional em meados de abril deste ano, assim como a Lei Orçamentária Anual (LOA) foi entregue em agosto. A Comissão Mista de Orçamento, que analisa as matérias, não foi instalada por falta de acordo entre os grupos de Maia e do líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), que disputam a eleição da Câmara.
A LDO é a lei orienta a elaboração da proposta orçamentária e a execução do Orçamento no exercício seguinte. Além da meta fiscal, a LDO define regras sobre as ações prioritárias, a transferência de recursos federais para os entes federados e o setor privado e para a fiscalização de obras executadas com recursos da União, entre outras.
Diante da pandemia da Covid-19 e de atos que regulamentam medidas excepcionais para o funcionamento da Casa, a LDO será analisada diretamente no plenário do Congresso, sem parecer da CMO. O relator, senador Irajá Abreu (PSD-TO), deve apresentar o relatório nesta segunda-feira (14/12).
Ainda não há acordo para a aprovação, mas uma necessidade premente de aprová-la que une governistas e oposição, e é nisso que o governo tem apostado.
O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), diz que vai buscar um acordo e acredita que na aprovação da matéria por causa da necessidade. “A não aprovação da LDO para tudo, governo, estados e municípios”, analisa.
Vice-líder da oposição no Congresso, o deputado Afonso Florence (PT-BA), afirma que não houve acordo para a aprovação do orçamento, mas há “uma necessidade impositiva”.
“Porque, sem LDO, nem ‘um doze avos’ [parcela mensal da receita prevista no orçamento] tem para o funcionamento da máquina. O país precisa. Já é muito ruim não ter orçamento, pior seria não ter LDO”, disse Florence, acrescentando que, sem LDO, não teria pagamento de salário ou custeio da saúde.
O consultor de Orçamento da Câmara, Ricardo Volpe, explica que “é melhor aprovar a LDO de forma intempestiva do que não aprovar”. Afinal, ela dá possibilidade de orçamento provisório – também conhecido como duodécimo. “Se não aprovar, não tem autorização para gastar. Se o fizer [gastar sem autorização], é crime de responsabilidade”, diz.
Outra alternativa seria a apresentação de uma Medida Provisória, como a ex-presidente Dilma Rousseff fez em 2012 com a MP 598/12, abrindo crédito de R$ 46,9 bilhões, mas correria o risco de a medida ser questionada no Supremo Tribunal Federal, como a própria Dilma foi por PSDB e DEM.
Volpe pontua que MPs exigem relevância, urgência e imprevisibilidade. E neste caso, destaca ele, a imprevisibilidade não está configurada, visto que há uma regra prevendo a aprovação da lei.
Câmara dos Deputados
Maia, que passou os últimos dias entre a articulação do candidato do seu bloco e de pautas prioritárias para os últimos dias de gestão, avisou que pautará alguns projetos. O parlamentar chamou sessão extraordinária para segunda-feira (14/12).
- Projeto de Lei Complementar (PLP) 101, substituto ao Plano Mansueto, que altera as regras para estados refinanciarem suas dívidas em troca de ajustes fiscais em suas contas;
- PLP 137, que libera R$ 177,7 bilhões, atualmente retidos no Tesouro Nacional em 29 fundos setoriais, para o combate à pandemia de Covid-19 e para diminuir seus efeitos econômicos;
- Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 134/15, para reservar vagas para cada gênero na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas, na Câmara do Distrito Federal e nas Câmaras Municipais de até 16%, nas três legislaturas subsequentes.
- Medida Provisória (MP) 1003/20, que autoriza a adesão do Brasil à aliança global coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em torno de governos e fabricantes para garantir o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19– chamada de Covax Facility.
Senado
Os senadores devem realizar uma semana de esforço concentrado para aprovar a indicação de autoridade de agências reguladoras e algumas pautas relevantes. Alguns senadores confirmaram a possibilidade e a necessidade de votar o Fundeb. A pauta da Casa, contudo, só deve ser definida, na segunda-feira, em reunião do colégio de líderes.
Além disso, a Comissão de Relações Exteriores (CRE) sabatina, na segunda-feira, diversas autoridades indicadas a embaixadas do Brasil no exterior.
- Nei Futuro Bitencourt – Togo
- Ligia Maria Scherer – Omã
- Fernando Estellita Lins De Salvo Coimbra – México
- José Marcos Nogueira Viana –Gabão
- Fabio Mendes Marzano – Delegação Permanente do Brasil em Genebra
- Renan Leite Paes Barreto – República Dominicana
- Elza Moreira Marcelino De Castro – Jamaica
- Maria-Theresa Lazaro – Tunísia
- Eduardo Prisco Paraiso Ramos – Eslovênia
- Silvio José Albuquerque E Silva – Quênia (Ruanda, Uganda, Burundi e Somália)
- José Borges Dos Santos Júnior – Tailândia (Camboja e Laos)
- Mauricio Carvalho Lyrio – Austrália (Ilhas Salomão, Papua Nova Guiné, Vanuatu, Fiji e Nauru)
- Enio Cordeiro – Noruega (e Islândia)
- Ánuar Nahes – Santa Lúcia
Já a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sabatina, na terça-feira, autoridades indicadas ao Conselho Nacional de Justiça.: o secretário-geral da Mesa do Senado, Luiz Fernando Bandeira De Mello Filho, para compor o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na vaga destinada ao Senado Federal; Mário Henrique Aguiar Goulart Ribeiro Nunes Maia e Otavio Luiz Rodrigues Junior para compor o CNJ, nas vagas da Câmara; e Sidney Pessoa Madruga da Silva, para o CNJ, na vaga destinada ao Ministério Público da União (MPU).
O colegiado também sabatina o defensor público federal Daniel De Macedo Alves Pereira indicado ao cargo de Defensor Público-Geral Federal.