Congressistas sobre eleição do Congresso, após decisão do STF: “Jogo zerou”
Para se eleger em primeiro turno na Câmara, um candidato necessita obter 257 votos dos 513 deputados. No Senado, 41 dos 81
atualizado
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A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmando a impossibilidade dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de disputarem a reeleição, embaralhou as peças nos tabuleiros das disputas das duas Casas, que ocorrem no dia 1º de fevereiro de 2021.
A frase mais ouvida nesta segunda-feira (7/12), pós-decisão do STF, foi “o jogo zerou”. Afinal, apesar de Maia e Alcolumbre sofrerem resistências de setores das respectivas Casas, eles eram vistos como favoritos nos processos internos, caso pudessem disputar. Sem eles nas disputas, articulações ganham novos contornos.
Após a decisão, Maia voltou a alegar que não era candidato à reeleição, e disse que a Casa precisa de um presidente que mantenha a Câmara independente e harmônica no diálogo com os outros poderes. Alcolumbre não se manifestou.
Para se eleger em primeiro turno na Câmara, um candidato necessita obter 257 votos dos 513 deputados. No Senado, 41 dos 81.
Câmara
Maia, apesar de não se colocar como candidato à reeleição, era visto como potencial postulante, caso o STF liberasse. O parlamentar aglutina forças de partidos díspares em torno do seu nome, mas não necessariamente para algum dos cinco candidatos do seu grupo. Estima ter apoio de 160 deputados e deve anunciar o nome nos próximos dias.
Os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA), Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) orbitam em torno de Maia à espera de um apoio do democrata. Marcelo Ramos (PL-AM), que integrava o grupo, saiu. Mas segue com a candidatura.
Do outro lado, o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), reúne ao menos 135 deputados e o apoio do governo Bolsonaro. Em campanha, Lira viajou, nesta segunda-feira, a Recife para se reunir com o governador de Pernambuco e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, mas seu nome sofre resistência no partido e na oposição por sua ligação com Bolsonaro.
“Me parece que zerou o jogo, e agora Maia vai ter mais liberdade pra articular um nome”, avalia o deputado Fábio Trad (PSD-MS).
Oposição na Câmara
Com cerca de 130 deputados, a oposição, neste cenário, era o fiel da balança. Entretanto, os candidatos de Maia sofrem algum tipo de resistência por parte da oposição. O bloco, todavia, não deve lançar uma candidatura. A princípio, apenas o PSol.
O líder do PT na Casa, Ennio Verri (PR), assinala que a bancada não deve lançar candidatura, mas, sim, apoiar um bloco, defendendo a proporcionalidade. Neste caso, o partido teria espaço na Mesa Diretora. Entretanto, aguardam o aval do Diretório Nacional para definir se manterão essa estratégia e, partir daí, começarão a conversar com os candidatos.
Já a líder do PSol na Câmara, Sâmia Bomfim (SP), afirma que o partido, como de praxe, deve lançar uma candidatura – possivelmente, feminina – para demarcar o território.
PDT, PCdoB e PSB ainda vão discutir a estratégia. Mas algo comum a todos é que não será possível marchar com qualquer candidato alinhado com o governo Bolsonaro.
Senado
Com Alcolumbre fora de páreo, alguns atores que aliados ao presidente da Casa começaram a se movimentar. A bancada do MDB, que é a maior da Casa, deve lançar candidatura e busca o apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Os nomes especulados são os dos líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (TO), além do líder do partido, Eduardo Braga (AM). A senadora Simone Tebet (MS) também se movimenta para ser opção.
O vice-presidente da Casa, senador Antônio Anastasia (PSD-MG), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também articulam essa possibilidade.
Dois senadores do Muda Senado, grupo com senadores em oposição a Alcolumbre e com bandeiras de combate à corrupção e a favor da Operação Lava Jato, já haviam se lançado em oposição a Alcolumbre – Major Olímpio (PSL-SP) e Jorge Kajuru (Podemos-GO). Contudo, o grupo ainda não definiu a estratégia a ser adotada.
“O jogo zerou. Agora, vamos conversar em torno de pautas e de projetos. A gente depende se o nome vai endossar pautas importantes”, diz Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
A senador Rose de Freitas (Podemos-ES), que havia apresentado uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para debater a reeleição no Senado, destaca que a Casa hoje não tem um sucessor natural de Alcolumbre. “Não tem. Tem até muita dificuldade de encontrar alguém que desempenhe o papel”, avalia.