Polícia Federal deflagra nova fase da Operação Lava Jato
Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso no começo da manhã desta quinta-feira (21/9). Ele é suspeito de cobrar propinas no esquema de corrupção da Petrobras
atualizado
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A 34ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (22/9). O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso. Ele não estava na residência no momento em que os agentes chegaram, mas acabou detido em um hospital de São Paulo, onde acompanhava a mulher. Outras buscas e mandados estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal. Por volta das 13h, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, revogou a prisão do ex-ministro.
Mantega recebeu voz de prisão logo cedo no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde acompanhava uma cirurgia da mulher, que luta contra um câncer. Ele é suspeito de cobrar propinas no esquema de corrupção da Petrobras. O negócio investigado é o contrato para duas plataformas de exploração de petróleo P-67 e P-70, para as camadas do pré-sal, de consórcio formado pelas empresas Mendes Junior e OSX.
A OSX, que tinha o empresário Eike Batista como presidente do Conselho de Administração, foi alvo da ação. O nome da operação, “Arquivo X”, é uma referência ao grupo do Eike, cujas empresas traziam o X nas logomarcas. Não há mandados contra o empresário.Em depoimento ao MPF, Eike declarou que, em 1º de novembro de 2012, recebeu pedido do então ministro Guido Mantega para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões ao PT. Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes.
Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19 de abril de 2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.
Em entrevista dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato (foto de destaque), o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima disse que Eike Batista prestou depoimento em junho de 2016 como testemunha e não colaborador do esquema. Lima explicou que, pelas circunstâncias, o Ministério Público acredita que houve o pagamento já que foi assinado um contrato entre a empresa de Mônica Santana, esposa do publicitário João Santana (responsável por campanhas eleitorais do PT), e de Eike. Conforme o MPF, os serviços do contrato foram prestados de forma limitada.
Negociação
As equipes policiais cumprem 49 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão temporária e oito mandados de condução coercitiva. Durante as investigações, verificou-se que, no ano de 2012, o ex-ministro teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamento de dívidas de campanha de partido político da situação. Esses valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
“Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes”, destacou o MPF em nota.