Confiante, Haddad fala em ampla margem para aprovar arcabouço fiscal
Ministro Fernando Haddad disse que mudanças feitas pelo relator do novo arcabouço fazem parte de um acordo para ampliar o apoio ao projeto
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou, nesta terça-feira (16/5), as alterações feitas no projeto do novo arcabouço fiscal pelo relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), e disse que há o desafio de aprovar o texto com “uma larga margem”.
O novo arcabouço vai substituir o teto de gastos, regra atualmente em vigor que impede o crescimento das despesas acima da inflação do ano anterior.
Pelo novo regime fiscal, o aumento real das despesas será equivalente a 70% do incremento das receitas acima da inflação. O aumento real poderá variar de 0,6% a 2,5% ao ano.
“Nós estamos com o desafio de aprovar esse arcabouço com uma larga margem de votação, para dar consistência ao regime fiscal do país”, disse Haddad a jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda, ao deixar a sede da pasta.
Questionado sobre as mudanças feitas pelo relatório, entregue nessa segunda (15/5), Haddad respondeu: “Isso é um acordo que a Câmara está fazendo para ampliar, ao máximo, o apoio ao arcabouço e ele ser uma lei com durabilidade, com resiliência, para que os resultados sejam alcançados. Então, é no bojo de uma negociação que essas coisas acontecem”.
“Todo mundo sai de um acordo tendo que ceder em alguma coisa, né? É óbvio, se você perguntar para o governo, o governo mandou um projeto de lei, mas sabe que há muitas forças no Congresso Nacional, que é natural que o relator tenha que ouvir todo mundo, para angariar o maior apoio possível. E é um quórum qualificado, nós temos que ter 257 votos para aprovar, mas pelo que eu ouvi dos líderes ontem, eu penso que a gente sai de uma camisa de força muito grande e coloca o país em um outro patamar mais inteligente, mais flexível”, completou.
Entre as alterações, está a inclusão de gatilhos caso o governo não consiga cumprir as metas para manter as contas públicas corretamente, que dizem respeito aos reajustes a servidores públicos e a concursos. Com isso, Cajado agrada o Centrão com regras mais rígidas.
Bolsa Família
O relatório poupa os gastos com o Bolsa Família e com a política de valorização do salário mínimo da regra de gatilhos que serão acionados caso o governo arrecade menos do que espera.
A preservação do benefício social e do salário mínimo atende um pedido do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sobre o ponto do Bolsa Família, Haddad frisou que se trata de uma despesa obrigatória e, portanto, sofre contingenciamento (bloqueio preventivo de recursos), e destacou:
“Se o governo mandar uma proposta de reajuste do Bolsa Família, é muito difícil o Congresso recusar, porque você está falando da camada mais pobre da população. Mas isso não vai ser necessário. Nós vamos conduzir a gestão fiscal da maneira mais responsável, mas atendendo aquela parcela da sociedade que, efetivamente, precisa de mais atenção do Estado.”
Caso o presidente da República queira reajustar o Bolsa Família acima da inflação, poderá propor ao Congresso Nacional um projeto de lei complementar (PLP) com uma medida para compensar o gasto produzido com o reajuste do benefício.
Nesse caso, assim como na votação do novo arcabouço fiscal, por se tratar de PLP, são necessários os votos favoráveis de, no mínimo, 257 deputados e 41 senadores.
Votação
A urgência do texto do novo arcabouço, que visa acelerar sua tramitação, será votada pelo plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (17/5). Já a votação do projeto em si (o mérito) deve ocorrer na próxima quarta-feira (24/5). Depois, o texto ainda segue para análise do Senado Federal.
Sobre estar confiante na aprovação do arcabouço por ampla margem na semana que vem, o ministro disse:
“Eu acredito que sim, porque a conversa foi extensa, né? E ouvi muita boa vontade, inclusive dos partidos da oposição, que consideram esse projeto um projeto de Estado, não do governo A, B ou C. É um projeto de Estado.”
Líder do blocão de Lira prevê mais de 340 votos para novo arcabouço
Gatilhos
No primeiro ano que houver descumprimento das regras fiscais, ficam vedadas:
- Criação de cargos, empregos ou funções que impliquem aumento de despesa;
- Alteração da estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
- Criação ou majoração de auxílios, vantagens e benefícios de qualquer natureza;
- Criação de despesa obrigatória;
- Medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação, observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º da Constituição;
- Criação ou expansão de programas e linhas de financiamento; remissão, negociação ou refinanciamento que impliquem ampliação de subsídios e subvenções;
- Concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária.
Caso aconteça um segundo ano consecutivo de descumprimento, adicionam-se as seguintes proibições:
- Aumentos e reajustes em geral na despesa com pessoal;
- Admissão ou contratação de pessoal, a não ser que seja para repor vagas
- Realização de concurso público, a menos que seja para reposição de determinadas vacâncias.
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