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Começa cirurgia de Bolsonaro. Mourão assume presidência da República

A ideia é que o núcleo do presidente no hospital fique reduzido a familiares e a poucos assessores

atualizado

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1 de 1 Bolsoanro1 - Foto: Reprodução/Twitter

Começou por volta das 6h30 desta segunda-feira (28/1) a cirurgia do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a retirada da bolsa de colostomia, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Pela segunda vez, o comando do país está a cargo do vice Hamilton Mourão. A operação deve durar de três a quatro horas, de acordo com informações do hospital.

A cirurgia é comandada pelo gastroenterologista Antonio Luiz Macedo. Conforme apurou o Fantástico, dois tipos de procedimentos poderão ser adotados pelos médios. A primeira possibilidade é unir as duas pontas do intestino grosso, que foram separadas para a colocação da bolsa. A fixação pode ser feita com sutura – agulha e linha cirúrgicas – ou com um grampeador cirúrgico.

A ideia é de que o núcleo do presidente no hospital fique reduzido a familiares e a poucos assessores, cabendo a Mourão e a “ministros da Casa” (como o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Onyx Lorenzoni, da Casa Civil) a administração do Planalto. A intenção é só levar a Bolsonaro o que for considerado absolutamente imprescindível.

Bolsonaro se internou na manhã de domingo (27). Segundo previsão inicial dos médicos, o chefe do Executivo deve ficar no hospital por cerca de 10 dias. Durante as primeiras 48 horas pós-cirurgia, ele ficará na UTI. Com isso, Mourão assume como presidente em exercício. Nesses 10 dias, parte das atenções do governo estará voltada para assuntos como a definição dos novos presidentes e integrantes das mesas diretoras da Câmara e do Senado – a eleição está marcada para 1º de fevereiro. O Planalto aposta na escolha de nomes que possam dar respaldo à aprovação de projetos como a reforma da Previdência.

Um primeiro movimento do governo provocou reação no Senado. Onyx foi acusado de tentar intervir na disputa na Casa, ao articular apoio a Davi Acolumbre, do DEM, mesmo partido do ministro. Entre os possíveis candidatos, estão também Renan Calheiros (MDB-AL) e Simone Tebet (MDB-MS). Embora o governo diga, oficialmente, que vai manter neutralidade, internamente há quem defenda até Renan – visto inicialmente como oposição ao novo governo.

“O presidente vem se manifestando, em todos os momentos, que não há interferência do governo nessa questão”, disse Mourão, nesse domingo (27), à reportagem. “A exemplo do que tem feito o presidente, eu não vou interferir nisso. Em absoluto.”

UTI
A primeira interinidade de Mourão durou quatro dias – período em que Bolsonaro esteve em Davos, na Suíça, participando do Fórum Econômico Mundial. Nesta segunda vez, apesar de oficialmente estar prevista para valer nas 48 horas em que o presidente estiver na UTI, vai durar na prática mais tempo, já que a ideia é de que Mourão administre o governo “em perfeita sintonia”. Os ministros devem permanecer em Brasília e seguir a São Paulo apenas se forem chamados para “casos urgentes”. Mas nada antes de quarta-feira (30).

Em um primeiro momento, apenas os generais Augusto Heleno e Otávio Rêgo Barros, porta-voz do Planalto, além de alguns auxiliares mais próximos do gabinete pessoal, viajaram a São Paulo. Eles vão ficar hospedados em um hotel onde foi montado um mini “quartel-general” de apoio ao governo. Uma outra estrutura será oferecida para uso de Bolsonaro no próprio hospital, para eventuais reuniões de trabalho, mediante autorização dos médicos. Passada a cirurgia, o general Heleno retornará a Brasília.

Todo o mais será resolvido por Mourão e pela equipe de “ministros da casa”. Mourão já está designado para comandar a reunião ministerial desta terça-feira (29), em Brasília. Só depois do período em que Bolsonaro permanecer “incomunicável” na UTI é que o presidente em exercício poderá chamar algum ministro, que irá de Brasília para São Paulo em aviões da FAB que já estão acertados.

Internação
Bolsonaro chegou por volta das 10h30 desse domingo (27) ao hospital, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do filho Eduardo Bolsonaro (deputado federal pelo PSL), de Augusto Heleno, Pedro César Nunes e seguranças. No final do dia, o vereador Carlos Bolsonaro se juntou ao grupo.

Segundo boletim médico divulgado à tarde pelo hospital, o presidente foi submetido “à avaliação clínica pré-operatória, a exames laboratoriais e de imagem, com resultados normais”. “A cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal está confirmada para amanhã (segunda).”

Será o terceiro procedimento cirúrgico de Bolsonaro desde que ele foi vítima de um atentado, em setembro passado, ainda durante a campanha eleitoral. De acordo com médicos ouvidos pela reportagem, a nova cirurgia tende a ser mais tranquila do que as anteriores por não ser uma intervenção de emergência e porque foi agendada para um momento em que Bolsonaro estivesse em boas condições físicas.

(A cirurgia) Deve durar por volta de três horas e, se Deus quiser, correrá tudo muito bem. Muito obrigado a todos vocês e obrigado pelas orações. O Brasil é nosso”, afirmou Bolsonaro, em vídeo postado no Twitter. No vídeo, gravado em um quarto do hospital, o presidente aparece com uma roupa azul usada por pacientes.

Mais cedo, também pelo Twitter, Eduardo Bolsonaro escreveu que o clima era de otimismo. Ele disse que o pai estava preparado “para a bateria de exames preparatórios para a cirurgia” e que o presidente “vai reconstruir seu intestino, rompido pelo ex-militante do PSOL” (autor-confesso do ataque, Adélio Bispo dos Santos foi filiado ao partido até 2014 – a legenda rechaça qualquer envolvimento no episódio).

Na tarde de domingo (27), o presidente recebeu a visita do empresário Fábio Wajngarten, que colaborou articulou com o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelly, a vinda da ajuda humanitária para as vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG).

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