Comando da campanha de Bolsonaro redefine estratégia até eleição
Equipe vai usar vídeos previamente gravados antes do ataque em Juiz de Fora, visto que presidenciável ainda está em situação delicada
atualizado
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Os desdobramentos de duas cirurgias às quais o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi submetido depois de ter sido esfaqueado quando fazia campanha, semana passada, em Juiz de Fora (MG), levaram o comando de sua candidatura a redefinir, mais uma vez, a estratégia política até a eleição. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (13/9) no jornal O Globo.
Embora apresente evolução clínica e nenhum sinal de infecção, Bolsonaro voltou para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após procedimento de desobstrução intestinal realizado nessa quarta-feira (12). Diante do quadro, familiares e aliados avaliam que o candidato ficará impossibilitado de atuar diretamente na campanha, e não poderá nem mesmo gravar vídeos, justamente uma das iniciativas para abastecer os canais de comunicação do presidenciável.
Para manter a candidatura em evidência, uma das alternativas é a divisão de dirigentes em compromissos da campanha. Os aliados também reforçarão, nas plataformas digitais, o discurso de que Bolsonaro terá condições de retomar as atividades num eventual segundo turno.
Além disso, a campanha pretende utilizar vídeos previamente gravados antes da hospitalização. Nas imagens, Bolsonaro apresentará propostas e rebaterá críticas de adversários.
De acordo com um interlocutor do partido ouvido por O Globo, existe material inédito para ser usado até as eleições. Antes da realização do segunda cirurgia, uma gravação estava prevista para domingo (16), ainda no leito do hospital. Com a alteração do quadro de saúde do político, a captação de imagens não deve se realizar.
Nesta quinta-feira (13), Flávio Bolsonaro, um dos filhos do candidato, em entrevista à rádio 97,1 FM, do Rio de Janeiro, fez um desabafo sobre a situação clínica do pai e disse que a orientação médica para o postulante ao Planalto é a de evitar falar.
“Ele não está conseguindo nem falar direito, então não pode ir para a internet fazer transmissão ao vivo, conversar com todo mundo. A orientação médica é de nem falar, porque quando fala acumula gases e pode ocasionar mais dor ainda”, explicou o filho.
Dificuldades de campanha
Um dos principais aliados de Bolsonaro, o presidente do PSL de São Paulo, Major Olímpio, verbalizou as dificuldades da campanha. Ele acredita que a ausência de Bolsonaro, principalmente em agendas públicas, deve provocar a diminuição do número de simpatizantes nas ruas.
“Não temos (integrantes do comando de campanha) essa capacidade de levar milhares de pessoas às ruas, como é uma característica e uma força do Jair Bolsonaro. Mas vamos levar a mensagem”, disse Olímpio ao jornal carioca.
Antes do atentado, as decisões da campanha do PSL eram muito concentradas no próprio Bolsonaro. Agora, diante da internação, a campanha não só procura alternativas para manter o candidato em evidência como ainda sofre com as divergências internas.
Na véspera da cirurgia, a decisão do PRTB de consultar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a possibilidade de o vice na chapa, o general da reserva Antonio Hamilton Mourão, membro da legenda, substituir Bolsonaro em debates na TV irritou a cúpula da sigla do presidenciável. O dirigente do PSL, Gustavo Bebianno, chegou a desautorizar o partido do vice, alegando que o PRTB não tinha legitimidade jurídica para fazer esse questionamento.
A campanha usou na quarta-feira (12) as redes sociais para falar a seus eleitores. “Muita coisa vem sendo falada na tentativa de nos dividir e consequentemente nos enfraquecer. Não caiam nessa. Desde o início, sabíamos que a caminhada não seria fácil, por isso formamos um time sólido e preparado para a missão de mudar o Brasil. Não há divisão”, dizia mensagem publicada à noite na conta oficial do presidenciável no Twitter.
Analgésicos
Ainda em relação ao estado de saúde do candidato, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde o postulante à Presidência da República está internado, informou que parlamentar recebe analgésicos para controle de dor e não apresentou sangramentos ou outras complicações nas últimas horas. “Em razão do procedimento cirúrgico, Bolsonaro se mantém em jejum e recebe alimentação por via endovenosa”, comunicaram os médicos.
O Globo ouviu especialistas em cirurgia no aparelho digestivo. Eles estimam que uma segunda operação no aparelho digestivo obriga o paciente a ficar, no mínimo, entre 10 e 15 dias no hospital. Também afirmam que tudo depende da reação do organismo ao tratamento e à reintrodução de alimentação oral.
Uma das orientações da equipe médica que acompanha Bolsonaro no Albert Einstein é diminuir o número de visitas. Desde que foi internado, o candidato recebeu familiares, aliados e até artistas que foram prestar solidariedade. Alguns gravaram vídeo e fizeram foto.