Com saída de Pazuello, técnicos sinalizam “desmilitarização” na Saúde
Ao menos 25 militares foram colocados em cargos de chefia quando o general assumiu o ministério, após saída de Nelson Teich
atualizado
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Com a troca de comando no Ministério da Saúde, técnicos de carreira indicam uma nova “era” na pasta. Com a chegada do cardiologista Marcelo Queiroga à chefia, os cerca de 25 militares que ocupam cargos no órgão devem ser trocados por outros nomes.
A expectativa é de que indicações técnicas assumam postos estratégicos e os comandos das principais secretarias. Queiroga garantiu nesta semana que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lhe deu “liberdade” para montar a equipe e a estratégia de combate à pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Desde que o general Eduardo Pazuello foi alçado ao cargo de ministro há 11 meses — primeiro, interinamente, depois, como titular — nomes da caserna ganharam destaque no órgão.
Para se ter dimensão do poder verde-oliva na pasta, militares ocuparam cargos nos setores de logística, de planejamento e orçamento, de gestão interfederativa, de monitoramento do Sistema Único de Saúde (SUS) e na administração do Fundo Nacional de Saúde (FNS).
“É uma clara mudança de posicionamento. Mesmo que seja o mesmo governo, as tendências dos ministros são diferentes. O ministro Pazuello trouxe pessoas da convivência e do meio dele, ou seja, do universo militar. Já o [futuro] ministro Queiroga é médico, com mais de 30 anos de experiência no serviço de saúde”, avalia uma fonte da secretaria-executiva do Ministério da Saúde.
Pazuello deixa o cargo com o país vivendo uma forte alta de casos e mortes pela Covid-19 e patinando na (re)criação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTIs) para o tratamento da doença.
Desde o anúncio de um médico para encabeçar o combate à pandemia de Covid-19, a expectativa por alterações na estrutura do Ministério da Saúde começou a tomar conta dos bastidores. Um dos nomes ventilados foi o da epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do PNI. Ela seria um nome para liderar a campanha de vacinação contra a Covid-19.
Em conversa com o Metrópoles, ela afirmou que não tem interesse de assumir cargos no Ministério da Saúde e tampouco voltar ao serviço público.
Apesar do anúncio de sucessão, o cardiologista Marcelo Queiroga ainda não teve a indicação oficializada no Diário Oficial da União (DOU), nem tomou posse.
Nesta semana, Queiroga comentou brevemente as mudanças que ocorrerão na pasta. “O presidente me deu autonomia para montar minha [equipe e estratégia], e eu peço a vocês um pouco de paciência, para que, em curto prazo, nós consigamos trazer medidas adicionais as que têm sido colocadas em prática pra que esse cenário melhore”, salientou, antes de uma reunião com Bolsonaro no Palácio do Planalto.