Com presença de Temer, Marun toma posse na Secretaria de Governo
Deputado federal e articulador do Planalto, Marun terá como desafio a aprovação da reforma da Previdência em 2018
atualizado
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O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) tomou posse, nesta sexta-feira (15/12), no cargo de ministro da Secretaria de Governo, órgão responsável pela articulação política entre Executivo e Legislativo. O peemedebista assume o ministério em substituição ao tucano Antonio Imbassahy (BA), exonerado a pedido na semana passada. A cerimônia contou com a presença do presidente Michel Temer (PMDB), que recebeu alta hospitalar nesta manhã após a realização de um procedimento médico em São Paulo.
O novo articulador do Planalto assumiu o compromisso de não deixar a secretaria para concorrer às eleições do próximo ano. “Abro mão da minha reeleição [como deputado federal] para estar a seu lado [Michel Temer] – se for o seu desejo, obviamente – até que essa grande tarefa se conclua. Aceito este desafio porque acredito no governo Temer”, discursou o ministro.
A atuação do novo ministro no Legislativo para a aprovação das mudanças nas regras de aposentadoria foi reforçada pelo chefe do Executivo. “Eu peço a você, Marun, que se dedique 18 horas por dia, se possível, 20 horas, à reforma da Previdência”, recomendou o presidente. Por ser uma proposta de emenda constitucional (PEC), o projeto precisa do apoio de, pelo menos, 308 dos 513 deputados, em dois turnos de votação na Câmara.
A posse do titular da Secretaria do governo, inicialmente marcada para quinta (14), teve de ser adiada em função da internação de Temer no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, em razão de um procedimento para a desobstrução do canal urinário. A equipe médica do presidente afirmou que ele poderá cumprir agenda normal, mas terá de usar uma sonda durante as próximas três semanas.
Despedida
No último discurso como integrante do primeiro escalão do Executivo, Imbassahy ressaltou os percalços políticos enfrentados pelo governo Temer em 2017. De maio para cá, o presidente foi alvo de duas denúncias enviadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). “A articulação política já é uma tarefa difícil por natureza, mas a complexidade se acentua em um período pós-impeachment, com o país em recessão profunda e com a grande fragmentação partidária”, pontuou.
A saída do tucano era uma demanda antiga dos líderes do chamado Centrão, partidos médios que compõem a base do governo Temer no Congresso Nacional. As legendas reivindicavam a saída de ministros nas pastas ocupadas pelo PSDB, rachado durante as votações das denúncias contra o presidente, em troca de apoio para a aprovação de medidas econômicas, como a reforma da Previdência. Imbassahy volta a assumir o mandato na Câmara dos Deputados.
O anúncio de Marun como ministro da Secretaria de Governo chegou a ser adiado, por mais de uma vez, pelo Palácio do Planalto. O nome do deputado foi levado a Temer pela bancada do PMDB como opção para a vaga ocupada por Imbassahy. A divulgação da informação gerou, contudo, mal-estar entre os tucanos, que ainda não haviam desembarcado oficialmente do governo Temer.
“Tropa de choque”
Como deputado, Carlos Marun ganhou notoriedade no último ano por ser um dos principais integrantes da chamada “tropa de choque” de Temer no Congresso Nacional. Durante a tramitação na Câmara das duas denúncias enviadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente, o peemedebista foi peça-chave na articulação política para o arquivamento dos processos.
Na votação da segunda denúncia no plenário da Câmara, o atual ministro chegou a fazer uma coreografia para comemorar o resultado matemático que livraria Temer das acusações por obstrução de Justiça e formação de quadrilha. “Tudo está no seu lugar, graças a Deus, graças a Deus! Surramos mais uma vez essa oposição que não consegue nenhuma ganhar”, festejava ele com palmas e dança.
Pela atuação enérgica no Congresso em defesa do presidente, Marun foi o escolhido para relatar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, criada em setembro para apurar irregularidades nos acordos de delação premiada firmados entre o Ministério Público Federal e os executivos do grupo J&F.
O deputado chegou a pedir, em seu parecer, o indiciamento de Marcelo Miller, Rodrigo Janot e Eduardo Pelella. Contudo, após reação negativa de outros integrantes do colegiado, Marun concordou em retirar as solicitações referentes ao ex-procurador-geral da República e de seu ex-chefe de gabinete.
Aliado de Cunha
Antes de atuar ao lado do presidente Michel Temer, Marun era reconhecido como um dos principais aliados do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. O parlamentar chegou a trabalhar no Conselho de Ética em defesa de Cunha e foi um dos nove deputados que votou contra a cassação do antigo presidente da Casa, sendo o único a subir na tribuna para defender publicamente o correligionário.
Na véspera do Natal de 2016, Marun chegou a voar para o Paraná com o objetivo de visitar Cunha no Complexo Médico-Penal em Pinhais. A viagem foi custeada pela cota de exercício de atividade parlamentar. Após a repercussão negativa, o deputado devolveu, contudo, o valor de R$ 1,2 mil gastos com passagem aérea e hospedagem aos cofres públicos.