Com cinco inquéritos, Aécio pede fim de sigilo em delações
Presidente do PSDB é acusado de receber propina e doações de caixa 2 à empreiteira. Outros cinco senadores tucanos respondem a investigações
atualizado
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O ministro Edson Fachin autorizou a abertura de inquéritos contra seis senadores tucanos, com base nos depoimentos de delatores da Odebrecht. Aécio Neves (MG) é alvo de cinco dessas investigações. Em resposta, o presidente nacional do PSDB pediu, nesta terça-feira (11/4), o fim do sigilo em delações.
Em nota, o tucano, candidato a presidente da República derrotado nas eleições de 2014, disse que pediu a Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, a quebra dos sigilos e agora “será possível desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta correção de sua conduta”. Aécio será alvo de cinco inquéritos sob a acusação de recebimento de propinas e doações de caixa 2 da empreiteira.
Os delatores contaram ainda que, também por solicitação de Aécio, quando ainda era governador, desembolsaram em 2009 R$ 1,8 milhão para a campanha de Anastasia. Em 2014, a pedido de Aécio, haveria pagamento de caixa 2 para a campanha dele e de vários outros parlamentares, como Anastasia, o próprio Dimas e o ex-ministro Pimenta da Veiga.
Há ainda um terceiro pedido de investigação por outros repasses eleitorais em 2014. Janot solicitou um quarto inquérito para apurar indícios de corrupção, formação de cartel e fraude a licitações na construção da Cidade Administrativa, nova sede do governo mineiro.
Um quinto pedido de inquérito se refere ao pagamento de suborno para que Aécio favorecesse interesses da Odebrecht, em conluio com a Andrade Gutierrez, nas obras das usinas de Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau.
Bancada
O ministro-relator autorizou a abertura de inquéritos contra seis senadores tucanos, com base nos depoimentos de delatores da Odebrecht.
Além de Aécio, são alvos José Serra (SP), Antonio Anastasia (MG), Cássio Cunha Lima (PB), Ricardo Ferraço (ES) e Dalírio Beber (SC). Há também um pedido de investigação sobre o tucano Eduardo Amorim (SE) e a senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE), pendente de manifestação de Janot para que Fachin decida a respeito.
Os investigados são acusados de recebimento de doações de campanha irregulares e também propina. A Odebrecht, nas delações, afirmou ter atendido a pleitos de políticos em troca de contratos com o setor público.
A bancada do PSDB na Câmara também divulgou nota, na qual defende que o Brasil não fique paralisado com a divulgação da lista.
“É fundamental, todavia, que o trabalho das instituições não paralise o país. Há uma agenda de reformas pendente no Congresso e elas são cruciais para a reativação da economia e a geração de emprego”, disse a mensagem assinada pelo líder Ricardo Tripoli (SP). “A bancada do PSDB na Câmara reafirma sua confiança na Justiça e nas instituições. O fim do sigilo das investigações permitirá que os citados exerçam plenamente o direito de defesa e que a verdade, enfim, prevaleça”, completou a nota.
Serra
Fachin autorizou que o senador José Serra (SP) seja investigado juntamente com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, senador licenciado, por suposto recebimento de propina nas obras do Rodoanel paulista. Eles foram citados por sete delatores. Os colaboradores relataram que Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Correa, Serveng Civilsan, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão, CR Almeida, Constran e Odebrecht fizeram conluio para fraudar a licitação.
Os colaboradores também narram a ocorrência de solicitação de vantagem indevida, a pretexto de doação eleitoral, pelo então chefe da Casa Civil do governo de São Paulo, Aloysio Nunes – no valor de R$ 500 mil.
Fachin também autorizou a abertura de inquéritos contra Cássio Cunha Lima. Em 2014, tucanos apontam que o parlamentar paraibano solicitou e recebeu o valor de R$ 800 mil. O pagamento foi feito pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e lançado nas planilhas de propinas em nome de “Prosador”.
Houve também pedido de inquérito sobre o senador Ricardo Ferraço (ES). Eles contaram ter pago caixa 2 de R$ 400 mil para a campanha do tucano ao Senado em 2010, sob o codinome “Duro”, nas planilhas da Odebrecht. Janot requereu ainda inquéritos contra Dalírio José Beber (SC). Ele teria participado de uma reunião para entabular repasse de R$ 500 mil a um aliado.