Com aval de Lula, PT assume risco e adia escolha de vice
Para advogado do partido, decisão sobre vice nas mãos da Executiva pode causar impedimento de candidatura
atualizado
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Depois de se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, anunciou nesta sexta-feira (3/8) que a sigla deixará para a Executiva do partido decidir até dia 14 a definição do nome de vice na chapa para disputar a Presidência da República. Segundo advogados da legenda, a decisão representa um risco à candidatura do PT nas eleições 2018.
“Não houve nenhuma mudança jurisprudencial na Justiça Eleitoral”, justificou a senadora sobre uma possível modificação de entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinando que o nome de vice seja homologado 24h após as convenções partidárias.
O PT deve oficializar neste sábado (4/8) o nome de Lula como candidato do partido ao Palácio do Planalto. O ex-presidente, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelo TRF-4, pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, advogado do PT junto ao TSE, disse que a decisão comunicada por Gleisi é de risco. “Acho uma atitude de risco. A gente nunca sabe como o tribunal vai decidir. Mas existem razões políticas (para a decisão do PT) que devem ser levadas em conta”, disse ele.
Segundo advogados eleitorais, em eleições passadas, a Justiça Eleitoral autorizava as convenções partidárias a delegar a escolha do vice. “Sempre foi autorizado delegar até a data do registro (15 de agosto)”, disse o especialista em direito eleitoral Helio Silveira.
A posição de Gleisi depois da reunião com Lula surpreendeu a sigla que, desde quinta-feira (2/8), se apressou para tentar definir o nome do vice até o encontro nacional do partido, com poderes de convenção, marcado para este sábado, em São Paulo (SP).
A estratégia inicial do PT era escolher o vice até o dia 15, quando acaba o prazo para registro das candidaturas. Na quinta, os advogados da legenda mudaram de opinião e orientaram a direção a antecipar a escolha para este sábado. No início desta sexta, Gleisi, o ex-prefeito Fernando Haddad, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, embarcaram rumo a Curitiba para anunciar a mudança de planos e definir a nova estratégia com o ex-presidente.
Dirigentes petistas, no entanto, já diziam temer pela reação de Lula. Segundo lideranças da sigla, Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o partido retomasse a estratégia oficial. Nesta tarde, Gleisi ouviu outros advogados e depois de conversar com Lula, decidiu voltar à estratégia original, apesar do risco.
Manuela D’Ávila
As reviravoltas provocaram tumulto no PT e em partidos aliados, com o PCdoB, que pode ficar com a vaga de vice. Gleisi chegou a marcar uma reunião com a presidente da legenda, Luciana Santos, para decidir se Manuela d’Avila seria a escolhida.
Segundo fontes do PCdoB, a direção petista sugeriu que Manuela retirasse a candidatura e ficasse no “banco de reservas” até a situação de Lula ser definida pela Justiça Eleitoral.
Ainda de acordo com as fontes do PCdoB, a estratégia petista era indicar provisoriamente um vice do próprio PT, possivelmente Fernando Haddad, visto como possível substituto de Lula, e a chapa “real”, com Manuela de vice, só seria anunciada quando esgotarem as possibilidades do ex-presidente na Justiça. O PCdoB considerou a proposta “constrangedora” e recusou.