Com articulação falha no Planalto, Haddad se reúne com quase 100 congressistas
Ministro da Fazenda foi elogiado por Lira. Haddad já recebeu 62 deputados e 27 senadores em quase seis meses de governo
atualizado
Compartilhar notícia
Em quase seis meses de governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se consolidado como articulador político com o Congresso Nacional, superando, inclusive, a atuação de ministros palacianos, como Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e Rui Costa, da Casa Civil. Pelo menos é o que avalia o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já elogiou o petista mais de uma vez em público pelo “diálogo” com o Legislativo.
Segundo levantamento feito com base na agenda oficial de Haddad, o titular da Fazenda recebeu 62 deputados e 27 senadores para negociar projetos, totalizando 89 parlamentares federais, quase 15% dos membros do Congresso. Proporcionalmente, o ministro se reuniu mais com representantes do Senado: um terço do total de 81.
Os registros de agenda de Haddad começam na segunda quinzena de janeiro, portanto foram consideradas 22 semanas – até a última sexta-feira (16/6). Alguns parlamentares se encontraram mais de uma vez com o ministro. Em média, foram recebidos quatro parlamentares por semana.
Por partido
A agenda de compromissos do ministro contempla diversos partidos. O PT, ao qual é filiado, lidera: 16 deputados e quatro senadores recebidos. Mas também há registros de encontros com parlamentares de siglas que não integram a base do governo, como PSDB, PP e PL.
A maior parte das reuniões ocorreu na sede do ministério, mas ele também esteve no Congresso e em encontros com líderes e presidentes de comissões nas residências oficiais da Câmara e do Senado.
Repetições
Os senadores mais frequentes na agenda de Haddad foram os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Cada um esteve quatro vezes com o ministro.
O relator do projeto do novo marco fiscal no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), já se reuniu três vezes com Haddad. É o mesmo número de encontros com o líder do PT na Casa, Fabiano Contarato (ES), e com o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Renan Calheiros (MDB-AL).
Com representantes da Câmara, o padrão é semelhante: o líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), se reuniu em seis oportunidades com Haddad, seguido pelo relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e pelo coordenador do Grupo de Trabalho (GT) que debate o tema, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). Ribeiro e Lopes se encontraram cinco vezes com o titular da Fazenda.
Os números de parlamentares federais que tiveram contato com o ministro podem ser ainda maiores, uma vez que, em alguns compromissos, não foram discriminados na plataforma e-Agendas todos os nomes dos participantes – como, por exemplo, nos dias 7 e 8 de fevereiro, quando a plataforma informou genericamente: “Almoço com senadores” e “Deputados Federais”, respectivamente.
A conta não considerou as reuniões que Haddad teve com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Oficialmente, foram registradas quatro agendas com Pacheco e uma com Lira.
O petista ainda se reuniu quase semanalmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foram 22 encontros no período levantado — em algumas semanas houve mais de um compromisso com o mandatário, em outras, nenhum, em razão de viagens internacionais de uma das duas autoridades.
Ele também estabeleceu contato próximo com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que também acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.