Com 21 deputados investigados, PP é a 2ª maior bancada ao lado do MDB
Na distribuição do fundo partidário o PP fica com a quarta maior fatia R$ 4,2 milhões por mês
atualizado
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Mensalão, Lava Jato, ex-presidente preso, outro quadro histórico preso e hospitalizado, ação por improbidade, 21 dos 51 deputados investigados, sendo 5 já réus no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar da acusação de envolvimento em esquemas de corrupção há mais de dez anos, o saldo até aqui do Partido Progressista em 2018 foi um dos mais positivos dos partidos brasileiros – tradicionais e novos.
A sigla fechou a janela partidária, no dia 7 de abril, com 51 deputados na Câmara, 15 a mais do que elegeu há quatro anos. O PP se tornou a segunda maior bancada da Casa, ao lado do MDB, que também saiu da janela com 51 deputados.
O partido deve receber ainda do fundo eleitoral cerca de R$ 134,3 milhões, segundo levantamento do Estadão. A soma só fica atrás de três siglas, MDB, PT e PSDB, que devem receber, respectivamente, R$ 243 milhões, R$ 212 milhões e R$ 185 milhões.
Com foro privilegiado, mesmo crimes comuns dos parlamentares são julgados pelo Supremo. No caso do PP, as acusações mais citadas são de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Mas há ainda inquéritos por lesão corporal e racismo. Este último, contra o deputado federal Luis Carlos Heinze (pré-candidato no Rio Grande do Sul), que chamou quilombolas, índios, gays e lésbicas de “tudo que não presta”. O inquérito, porém, foi arquivado por imunidade parlamentar e ainda por “ausência de dolo específico”.
O partido também foi o único denunciado, como pessoa física, por improbidade administrativa na Lava Jato. Ao lado do MDB, também tem uma denúncia na chamada investigação do “quadrilhão”. O STF acatou as acusações no mês passado e quatro políticos do partido se tornaram réus (veja quadro nesta página). Questionado sobre as denúncias, o presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), alega que “não existe nenhum partido de importância no país que não tenha sido (alvo)”. Contra ele próprio, tramita no Supremo mais de um inquérito.
Orgulho
Condenado no mensalão e na Lava Jato, preso e com direitos políticos cassados desde 2013, o ex-deputado Pedro Corrêa não deixa de comemorar, de sua casa em Recife (onde cumpre prisão domiciliar desde o ano passado), a escalada do PP.
“A gente sente orgulho, embora eu não esteja filiado mais ao partido. À distância, torço por ele”, disse ele, em entrevista por telefone. Corrêa lembra ainda que, sob sua gestão, a legenda chegou a ter também 50 parlamentares. “É um partido forte. Deve ter alguma coisa boa para os parlamentares estarem ficando com ele, um sex appeal, algo assim”, brinca. Ele também atribuiu o crescimento da legenda à ascensão da direita no mundo. Lembra que o PP é “progressista e liberal”.
O ex-presidente do PP conta que as últimas conversas dele com políticos foi em 2017, quando ainda estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, antes de conseguir converter seu regime para domiciliar. Os diálogos giravam em torno de notícias de jornais televisivos com seus então companheiros de cárcere: os petistas José Dirceu e José Genoino, entre outros.
“Estamos passando o país a limpo, o empresariado, o mundo político. Agora tem que ver Judiciário também. E vamos ver o que vai sobrar disso”, diz o ex-deputado, que chegou na Câmara em 1979, pelo Arena, e saiu quando cassado no escândalo do mensalão em 2006.
Questionado se sente falta dos tempos em que participava da política, Correa não nega. “Eu fiz tudo que eu tinha de fazer, agora estou quieto pagando minha pena. Mas mesmo se eu puder um dia tentar, meu eleitorado está morrendo todo. Mas gostaria mesmo de voltar à política, as coisas no mundo só se resolvem com política.”