Ciro Gomes diz que Lula “conspirou” pelo impeachment de Dilma
O pedetista cita, como prova, recentes conversas de Lula com o MDB e acusou o ex-presidente de impulsionar Jair Bolsonaro
atualizado
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O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes (CE), disse que Luiz Inácio Lula da Silva “conspirou” pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. O pedetista apontou, como prova da suposta ação de Lula, as recentes conversas do petista com líderes do MDB, principal partido beneficiado com a cassação da ex-mandatária.
Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, Ciro enfocou os contatos atuais de Lula com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e com o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que à época apoiaram e votaram a favor do impeachment.
“Eu atuei contra o impeachment, e quem fez o golpe foi o Senado Federal. Quem presidiu o Senado? Renan Calheiros. Quem liderou o MDB nessa investida? O Eunício Oliveira. Com quem o Lula está hoje?”, iniciou. “Hoje, eu estou seguro de que o Lula conspirou pelo impeachment da Dilma, estou seguro”, declarou Ciro na entrevista.
O pedetista ainda apontou Lula como responsável por impulsionar Jair Bolsonaro (sem partido) na corrida presidencial de 2018. Segundo ele, Dilma “destruiu a economia brasileira” como “ninguém no passado histórico brasileiro”.
“Jamais acreditei que Bolsonaro teria qualquer chance, a mais remota possível, e eu mordi a língua porque eu conhecia de perto o Bolsonaro. Eu não sabia que ele utilizaria de estrangeirismos aos montes, com orientação dessa gente do Trump que desceu aqui, e faria esse processo de internet, que nós também não conhecíamos no Brasil”, disse o pedetista.
Ele revelou ainda estar com relação definitivamente rompida com o que chamou de “lulopetismo”.
“[Minha relação é] absolutamente inconciliável com o PT. Com o lulopetismo corrompido e neoliberal tosco, a minha relação está definitivamente encerrada”, afirmou Ciro.
“Picaretas perigosíssimos”
Na visão de Ciro, Bolsonaro está disposto a romper com a democracia para continuar no poder. O presidenciável classificou os ministros Luiz Eduardo Ramos, Braga Netto e Augusto Heleno como “picaretas perigosíssimos”. “São eles que dão corda no Bolsonaro”, considerou.
“Bolsonaro não estará nas eleições por não reunir a menor condição objetiva de se apresentar para o povo. É um governo trágico, que não tem absolutamente nada para mostrar. E o lastro para uma equivocada ideia de que vai subornar a consciência de um povo machucado melhorando o Bolsa Família”, disse Ciro.
Trégua frágil
Há uma semana, após ser vaiado por militantes petistas em manifestações em São Paulo e Rio de Janeiro, Ciro chegou a propor uma “trégua de Natal” ao PT.
A bandeira branca, no entanto, durou uma semana. Em vídeo divulgado pelas redes sociais, na última segunda-feira (11/10), Ciro retomou o comportamento de ataques, dizendo que Lula, seu principal alvo, “não renovou as ideias” e “nunca pediu perdão” pelos erros cometidos.
No vídeo, Ciro cita o mesmo encontro de Lula com os emedebistas e critica o ex-presidente por buscar apoio entre “as mesmas pessoas, incluindo aqueles que derrubaram Dilma”.
“Se você pensa em apoiar Lula por causa do que ele fez no passado, talvez fosse o caso de refletir mais profundamente. Você acha que ele terá condições de governar bem nos dias de hoje? Lembre que o Brasil mudou muito, e Lula não renovou as ideias. Será que ele se corrigiu e não vai repetir aqueles erros terríveis que você só descobriu depois? O pior é que você nunca viu ele pedir perdão pelos erros e está vendo ele se juntar, de novo, às mesmas pessoas”, disse Ciro.
O jantar foi oferecido a Lula pelo ex-senador Eunício de Oliveira (MDB), na semana que o petista realizou uma série de encontros políticos em Brasília. Adversário político de Ciro no Ceará, Eunício deve tentar se eleger ao governo do estado em 2022.