Ciro diz que vai convidar direção do BC a se demitir se for eleito
Medida aprovada no governo Bolsonaro institui independência do BC e mandatos dos diretores não coincidentes com o do presidente do país
atualizado
Compartilhar notícia
O presidenciável Ciro Gomes (PDT) disse nessa quinta-feira (14/4) que, caso eleito, vai convidar os diretores do Banco Central (BC) a se demitirem. “No primeiro dia do meu governo, nós somos todos cavalheiros, a atual direção do Banco Central será convidada a se demitir”, disse Ciro em entrevista ao Manhattan Connection, do canal My News.
Questionado se estava falando sério, Ciro respondeu: “Seríssimo. Tá aqui com todos os S´s e R´s. Ficou alguma dubiedade? Eu não sou o Lula, eu vou mudar o que tá acontecendo no Brasil ou não quero ser presidente”.
A postura de Ciro difere da do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann (PR), se eleito, Lula vai manter o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que permanecerá no cargo ao menos até 31 de dezembro de 2024, quando acaba o mandato. A declaração foi dada por ela em jantar com empresários e executivos de instituições do mercado financeiro em São Paulo no início de abril.
Campos Neto foi indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e ganhou mandato após o Congresso aprovar a autonomia do BC.
Ciro disse que não vai romper contratos, vai acabar com o estatuto da autonomia “tal como foi votado”. Segundo ele, a ideia é substituir por uma autonomia a exemplo daquela do correspondente americano, o Federal Reserve Board (Fed).
“O Banco Central brasileiro comigo será mandatário, portanto gozará de uma autonomia operacional, mas para cumprir a menor inflação a pleno emprego. Hoje, o regime de metas de inflação determina apenas a perseguição da menor inflação, desconsiderando qualquer outra ordem de considerações ou valores, o que é um absurdo completo, criminoso num país com essa situação social e econômica. E só tem uma arma para atirar, que é a taxa de juros”, explicou.
Aprovada pelo Congresso em 2021, a autonomia operacional do BC estabelece mandatos fixos de quatro anos para o presidente e os diretores da instituição, não coincidentes com o mandato do presidente da República.
O tema chegou a ser judicializado pelo PSol e PT, mas em agosto do ano passado o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu validar a lei que concede autonomia ao Banco Central.