China pode fazer o que diz por ter partido forte, diz Lula a site
Ex-presidente deu entrevista ao Guancha, de Xangai, e falou sobre política externa, mas evitou tratar de eleições
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu entrevista ao site Guancha, de Xangai, no fim de semana anterior ao centenário do PC chinês, celebrado na próxima quinta-feira (1º/7). O petista falou sobre política externa — questionou a ação do Departamento de Justiça dos EUA na Operação Lava Jato e comemorou o retorno da esquerda à América Latina —, mas evitou tratar das eleições de 2022.
“A China é capaz de lutar contra o coronavírus tão rapidamente porque tem um partido político forte e um governo forte. Porque o governo tem controle e poder de comando. O Brasil não tem isso, nem outros países”, disse Lula.
A respeito de sua prisão, o ex-mandatário disse que provou sua inocência: “Agora, sou livre. Provamos que o juiz que me condenou foi parcial e que assumiu a postura de me condenar politicamente”. Lula ficou 580 dias preso e foi solto em novembro de 2019, após o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar as prisões após condenação em segunda instância.
Na semana passada, o plenário da Corte Suprema decidiu, por sete votos a quatro, tornar o ex-juiz Sergio Moro suspeito na condenação do ex-presidente, no caso do triplex do Guarujá.
“Provamos que a promotoria estava servindo ao Departamento de Justiça dos EUA naquela época, e o Departamento de Justiça dos EUA pretendia minar nossas leis para regulamentar a Petrobras”, afirmou o petista.
Sobre o pleito de 2022, Lula se limitou a dizer: “Espero sinceramente que possamos reconquistar a democracia para o nosso país nas eleições gerais de 2022”.
Pandemia
Na entrevista, o ex-presidente também criticou Jair Bolsonaro (sem partido), pela maneira como o atual mandatário brasileiro lida com a pandemia de Covid-19.
“Nosso governo é irresponsável no trato com o coronavírus. Pode-se dizer que quando surgiu o primeiro caso de infecção na China e quando o vírus apareceu pela primeira vez na Europa, o Brasil poderia ter tomado medidas preventivas, poderia ter estabelecido um comitê de crise e poderia estar preparado para cuidar melhor do povo brasileiro”, apontou.
Lula ressaltou ainda o negacionismo do presidente Bolsonaro e a postura anti-China, ressaltando que o país asiático se tornou o principal parceiro comercial do Brasil.
“Temos um governo que não acredita no coronavírus, pensando que é apenas uma gripezinha, e vem provocando os chineses sob as ordens do ex-presidente dos Estados Unidos Trump do início ao fim, culpando os laboratórios chineses e culpando vacinas da China, dizendo que as vacinas da China não valem nada e que eles não compram vacinas há muito tempo”, completou.