Chico Rodrigues: senador do dinheiro nas nádegas foi cassado e denunciado por fraude
Integrante do DEM de Roraima havia sido denunciado por esquema semelhante de desvio de emendas e fraude em licitação com café em 2009
atualizado
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Flagrado tentado ocultar dinheiro nas nádegas durante operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (14/10), o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que foi alvo de investigação por esquema envolvendo emendas parlamentares e superfaturamento de licitação no combate à Covid-19, já se utilizou deste expediente outra vez.
A Operação Desvid-19 investiga o desvio de aproximadamente R$ 20 milhões em emendas parlamentares destinados à Secretaria de Saúde de Roraima para o combate da Covid-19.
O modus operandi é o mesmo utilizado em 2009, quando o Ministério Público Federal (MPF) de Roraima denunciou o então deputado federal pelo mesmo arranjo, mas envolvendo café. No ano seguinte, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia do contra ele.
Rodrigues foi acusado de ter beneficiado a si próprio e familiares com o direcionamento de R$ 1 milhão de recursos federais, por meio de emendas parlamentares destinadas à implantação da cultura do café no município de São Luiz do Anauá, em Roraima. O projeto não saiu do papel, mas os recursos sim. Na época, o MPF-RR afirmou que Rodrigues era o mentor intelectual do esquema.
O irmão do senador também foi denunciado no mesmo esquema. Já a mulher do senador, Selma Rodrigues, foi denunciada pela Procuradoria da República em Roraima. A ação corre na 4ª Vara Federal.
Agora ex-vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, Rodrigues passou 20 anos consecutivos na Câmara dos Deputados, foi vice-governador de Roraima, entre 2011 e 2014, e chegou a assumir o governo, em 2014. Entretanto, teve o mandato cassado por gastos ilícitos durante a campanha eleitoral de 2010. Dias depois do processo de inexigibilidade expirar, ele se candidatou ao Senado e acabou eleito.
Carreira
Pernambucano e discreto, Rodrigues migrou no início da década de 1980 para Roraima. Engenheiro Agrônomo por formação, assumiu a Secretaria estadual de Agricultura durante o governo Arídio Magalhães, ainda na ditadura militar, entre 1983 e 1985.
O primeiro mandato eletivo se iniciou em 1989, quando conquistou uma vaga na Câmara Municipal de Boa Vista. Dois anos depois, chegou à Câmara dos Deputados, onde ficou por 20 anos, cumprindo cinco mandatos consecutivos e colecionando problemas.
Além do caso do café, Rodrigues foi investigado pela Corregedoria da Câmara pela “farra dos combustíveis” em 2006. Rodrigues gastou R$ 174,1 mil com gasolina. Na época, ele admitiu que usava notas com outras despesas para ser ressarcido como combustível. Mas a investigação acabou arquivada.
Nas eleições de 2010, Rodrigues desistiu de tentar o sexto mandato e se candidatou a vice-governador na chapa do então governador José de Anchieta, que venceu a eleição. Quando Anchieta deixou o cargo para disputar o Senado, em 2014, Rodrigues assumiu como governador, quando, então, teve o mandato cassado meses depois, por irregularidades cometidas pela chapa nas eleições de 2010.
O mais votado
Após quatro anos afastado dos mandatos eletivos por inexigibilidade, Rodrigues se candidatou ao Senado Federal em 2018. Tornou-se o mais votado em Roraima, desbancando o ex-aliado, o senador Romero Jucá (MDB-RR), com quem rompeu.
No Senado, Rodrigues emprega em seu gabinete o assessor parlamentar Léo Índio, primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já disse ter “quase uma relação estável com o senador”.
Rodrigues se filiou pela primeira em 1987 ao MDB e, desde então, passou por seis siglas e em algumas delas por diversas vezes. MDB, PTB (duas vezes), PPB (atual PP), PSB, PSDB e PFL (atual DEM, passou quatro vezes e onde se encontra atualmente).