Chanceler brasileiro volta a defender relação estreita com Parlamento
A fala de Carlos Alberto França ocorre após senadores pressionarem pela saída do seu antecessor no cargo, o ex-ministro Ernesto Araújo
atualizado
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O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, afirmou, nesta sexta-feira (23/4), que o Itamaraty trabalha para “estreitar relações com o Parlamento”. A fala do chanceler ocorre após senadores pressionarem pela saída do antecessor no cargo, o ex-ministro Ernesto Araújo.
“Aproveito esta oportunidade para reiterar o meu compromisso de estreitar a coordenação entre o Ministério das Relações Exteriores e o Parlamento na promoção e defesa dos interesses nacionais”, enfatizou o ministro.
França participou de sessão comemorativa aos 30 anos do Mercosul, no Senado Federal. O encontro foi presidido pelo senador Fernando Collor (Pros-AL), que era o presidente da República na ocasião em que o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram o Tratado de Assunção, de 1991, instituindo a criação de um mercado comum entre países da América do Sul.
França reconheceu a importância do gesto de Collor para dar o pontapé inicial na formação de um mercado comum entre as nações sul-americanas. “Ação de vossa excelência foi determinante na criação do Mercosul, tal como hoje conhecemos”, disse.
Ele cobrou uma revisão na tarifa externa comum, que consiste em taxa comercial aplicada aos países integrantes do bloco.
“Jamais passou por revisão. No início da próxima semana, haverá reunião entre os ministros para tratar das negociações externas e da tarifa externa comum. Queremos avançar mais e melhor na questão”, defendeu.
Modernização
Aos senadores, o chanceler defendeu que trabalha pela modernização do bloco econômico. “A melhor maneira de celebrar os 30 anos é com agenda de modernização em prol da pronta recuperação do qual nossos povos merecem e pelo qual trabalho”.
Ao final da fala, o ministro prometeu um Itamaraty “fortemente comprometido com o progresso de integração regional”. “O Brasil quer dar continuidade às negociações comerciais externas em cursos e abrir novas frentes negociadoras”, completou.
Além de França, o evento contou com participação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na sessão comemorativa, ele renovou suas críticas sobre o Mercosul e disse que o país passa por um momento decisivo de reavaliação do bloco.
Economia
Guedes também defendeu que países membros tenham seus ritmos de negociação com outros governos respeitados.
“A primeira dimensão é garantir uma liberdade de negociação para os seus membros. Claro que, juntos, somos mais fortes, mas achamos importante que haja liberdade de negociação para que os membros possam achar o que for mais conveniente”, apontou o chefe da Economia.
Segundo ele, a ideia é que cada membro possa ser um pioneiro e fazer um acordo diferente lá fora. “Se tiver bom, o conjunto dos membros do Mercosul avança naquela direção”, afirmou.
Guedes também falou sobre o acordo Mercosul-União Europeia que, apesar de ter sido selado ainda em 2019, precisa da provação de todos os países dos dois blocos. Isso não ocorrerá tão cedo, pois a Europa pede que o Brasil se comprometa mais com a agenda ambiental.
“Queremos avançar na modernização do Mercosul. Avançar significa permitir velocidades diferentes para quem está mais preparado ou disposto”, disse.
“Essa reavaliação do Mercosul não é para recuar ou com qualquer pensamento de rejeição. Mas é perfeitamente compreensível que em momento de crise alguns países recuem um pouco e hesitem em fazer esse movimento abertura”, completou.