“Aliança com PT no primeiro turno é próxima de zero”, diz Ciro Gomes
O presidenciável disse que já está procurando outros nomes e conversando com diferentes partidos para vice de sua chapa
atualizado
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Após trocar farpas com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-ministro e pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, afirmou neste sábado (5/5) que a chance de uma aliança entre os dois partidos no primeiro turno das eleições presidenciais é “próxima de zero”.
Segundo o presidenciável, ele já está procurando outros nomes e conversando com diferentes partidos para encontrar o vice de sua chapa. Mas deixou claro: uma negociação com o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria bem recebida.
Nesta semana, a senadora Gleisi Hoffmann afirmou que uma conversa com Ciro Gomes não aconteceria “nem com reza brava”. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o pedetista disse ter “pena” da presidente do PT e lamentava ser esse o pensamento dela.
“Para algumas pessoas que não têm treinamento, nível, vida crítica e não conhecem o país, outros valores importantes parecem prevalecer sobre o maior, o nosso país e a sorte do nosso povo”, declarou. Ele negou, no entanto, estar referindo-se diretamente a Gleisi Hoffmann.
Ciro disse também não estar procurando aproximação com o PT, mas deixou claro que ainda espera uma negociação com o partido. “Seria um apoio bem-vindo, mas eu sou um homem vivido. A natureza do PT é ter o seu próprio candidato. Eu compreendo e respeito”, afirmou.“Todo dia, eles falam de mim. Eu estou tocando minha bandinha, já convidei outras pessoas para vice e estou discutindo com outros partidos”, emendou. Quando questionado sobre qual é a chance de uma aliança com o PT no primeiro turno, o ex-ministro disse ser praticamente nula. “Não tenho a menor ideia, mas acho que é próxima de zero.”
Ciro citou como um pretenso vice apenas o empresário Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José de Alencar. Ele negou que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, possível pré-candidato do PSB, esteja no rol de conversas. “Ele é muito grande e temos de respeitar o homem.”
Para Ciro, um “vice ideal” é um “homem da produção”, com respeito no setor industrial. O pré-candidato ainda afirmou que é preciso fazer uma “desratização” do Congresso Nacional e espera uma renovação em torno de 60% a 70% no parlamento, nestas eleições.
Em conversa com jornalistas, Ciro defendeu o fim do foro privilegiado para todos os cargos no país. A exceção, citou, seriam atos do presidente da República, evitando que o mandatário fosse julgado por um juiz de primeira instância por causa de medidas de governo.
“É preciso acabar para todo mundo, isso é uma excrescência completa”, disse. Mas, para ele, a mudança deveria ser feita pelo Congresso Nacional e não pelo STF. “Essa ideia de o Judiciário ocupar esse vácuo legislando é uma distorção grave que deve ser encerrada.”
Visita a Lula
Na sexta-feira (4/5), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TFR-4) indeferiu liminarmente pedido de visita ao ex-presidente Lula, preso em Curitiba, feito por Ciro Gomes, pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, e pelo deputado federal André Figueiredo. Ciro recebeu a notícia com “muita estranheza” e acredita ter o direito de visitar o petista como “amigo”. Ele negou querer conversar com Lula sobre política. “Vou falar com ele sobre coisas pessoais. Imagina se eu vou chegar lá falando de política.”
Diversidade
O PDT realiza neste sábado (5), em Guarulhos (SP), o primeiro congresso nacional do partido destinado a discutir políticas públicas para a comunidade LGBT. Para Ciro, a defesa de direitos inclusivos estarão na sua campanha, mesmo que isso signifique perda de votos no setor conservador. “Nem só de voto vive o homem. Não quero ser referência de ódio e de intolerância para ninguém.”
Em seu discurso no evento, Ciro criticou indiretamente o deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato ao Planalto pelo PSL: “Certos candidatos que apresentam muita homofobia, acho que é medo de sair do armário. Não estou falando de ninguém, qualquer semelhança…”
O ex-ministro disse que não terá medo de colocar a pauta LGBT em seu programa de governo. “Não haverá um país justo e progressista se não aclamarmos nossas diferenças”, disse.