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Chamado pelo MBL, protesto anti-Bolsonaro não terá oposição unificada

Ato deste domingo (12/9), porém, ganhou força nos últimos dias e atraiu nomes importantes da esquerda, como Ciro Gomes (PDT)

atualizado

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MBL convoca ato da direita por impeachment de Bolsonaro
1 de 1 MBL convoca ato da direita por impeachment de Bolsonaro - Foto: Divulgação

Outrora aliados de Jair Bolsonaro (sem partido), o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua conseguiram atrair segmentos da esquerda para um ato contra o presidente no próximo domingo (12/9), mas o protesto ainda não terá a oposição unificada. A avaliação entre os organizadores é que o enfraquecimento de Bolsonaro nas últimas semanas contribuiu para aumentar a adesão.

A manifestação na Avenida Paulista foi anunciada ainda em julho, quando os grupos decidiram marcar protestos para setembro, por estimarem que a vacinação estaria mais avançada no país. Apesar de o polo central ser no ato na Paulista, outras capitais também devem ter protestos; entre elas, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Do ex-bolsonarista Arthur do Val (“Mamãe Falei”) ao músico e militante Tico Santa Cruz, defensor da candidatura de Ciro, os atos prometem reunir em um só palanque expoentes de várias correntes ideológicas.

Para superar o número de manifestantes no 7 de Setembro, quando Bolsonaro mobilizou apoiadores e discursou, os movimentos contam com a participação de algumas siglas de centro e centro-esquerda. Líderes de partidos como PDT, PSB, Rede, Cidadania e PCdoB decidiram aderir em prol da “pauta comum”.

Outras legendas da esquerda, contudo, como PT e PSol, e de centro, como Podemos – que chegou a ensaiar aderir ao movimento, mas acabou tomando posição contra o impeachment –, ficarão formalmente de fora.

Como os atos foram convocados por MBL e Vem Pra Rua, movimentos gestados entre 2014 e 2015 e com papel fundamental no impeachment de Dilma Rousseff, a resistência de militantes e líderes da esquerda em subir no mesmo palanque ainda é grande demais. Até a última semana, o mote da convocação do MBL era “Nem Bolsonaro nem Lula” – o que irritou profundamente os defensores da candidatura do ex-presidente em 2022. Só depois dos atos de 7 de setembro, o MBL decidiu trocar o slogan pelo simples “Fora, Bolsonaro”.

Ainda que não pretenda enviar suas lideranças nem convocar sua militância, o PT não proíbe a participação de seus filiados.

“Não estamos convocando para o dia 12, mas ninguém está impedido de participar de atos contra Bolsonaro. Achamos, entretanto, que só conseguiremos um movimento forte com a construção conjunta das forças de democráticas de um grande ato”, disse a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos cofundadores e coordenadores do MBL, disse que “lideranças de todos os partidos” estão convidadas para os atos: “Que seja amplo e histórico, como um palanque das Diretas Já”.

Com a tentativa de unificar os atos, organizadores passaram a defender “bandeira branca” nos atos e começaram a subir nas redes sociais a hashtag #UNIFICA12SetForaBolsonaro. “Quando subirem no nosso trio para discursar no domingo, a bandeira do MBL, inclusive, não ficará no trio. Será um ato de bandeira branca, de diversas frentes”, disse o vereador paulistano Rubinho Nunes (PSL).

“Se a gente não se unir para tirar o bolsonarismo, talvez a gente não tenha liberdade para discordar no futuro”, pontuou Rubinho.

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Apesar de a organização ter partido do MBL e do Vem Pra Rua, expoentes de partidos de esquerda têm aderido aos atos e pretendem discursar
Entrega do “superpedido” de impeachment contra Bolsonaro na Câmara, em junho deste ano
Manifestantes saíram em passeata pelas ruas do centro de Goiânia
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MBL convoca ato por impeachment de Bolsonaro desde julho

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Apesar de a organização ter partido do MBL e do Vem Pra Rua, expoentes de partidos de esquerda têm aderido aos atos e pretendem discursar

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Entrega do “superpedido” de impeachment contra Bolsonaro na Câmara, em junho deste ano

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Manifestantes saíram em passeata pelas ruas do centro de Goiânia

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Nomes ligados à esquerda confirmaram presença, como o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), tradicional aliado do PT, e a deputada estadual pelo PSol Isa Penna. De licença-maternidade, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP) disse que não iria ao ato, mas não critica quem opta por participar.

“Se pudesse, não iria no dia 12, mas também não vou criticar quem vai. Acho indispensável que todas as forças políticas contra Bolsonaro possam convocar um ato unificado com pauta única, o Fora Bolsonaro. Da esquerda radical ao MBL, PSL. Todos contra Bolsonaro”, afirmou Sâmia.

Nomes confirmados

O ato reunirá quatro presidenciáveis: Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), João Amoêdo (Novo) e o recém-anunciado Alessandro Vieira (Cidadania), todos interessados no fim da polarização entre Lula e Bolsonaro.

Depois de passar a semana avaliando se participaria da manifestação, em função da série de desentendimentos públicos que já teve com o MBL, Ciro Gomes decidiu comparecer ao ato na Paulista.

De saída do PDT, a deputada Tabata Amaral (SP) também vai participar dos atos. “Estarei na Paulista no 12 de setembro. O momento exige união das forças democráticas. Precisamos dar um basta a esse governo autoritário, corrupto e incompetente, que ignora o sofrimento da população”, disse ela ao Metrópoles.

O PSB aderiu às manifestações em nível nacional, conforme diretriz do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira. O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (RJ), é um dos nomes confirmados pela legenda.

Para o presidente do PSB no Distrito Federal, Rodrigo Dias, o momento é de ameaça à democracia e exige união: “A gente acredita que, na verdade, a grande pauta de unificação e a grande agenda do momento sejam justamente a defesa da democracia, a defesa do nosso Estado Democrático de Direito. Então, a gente não está tratando de alianças programáticas nem de projetos políticos, a gente está, enquanto partidos políticos, tendo que ter a responsabilidade de sermos os guardiões da democracia”.

“Acho que esse momento é para a gente se despir das nossas diferenças, divergências e tentar se juntar num objetivo comum”, prosseguiu. “Todo esse campo, de forma uníssona, compreende que o momento é de sermos amplos, o momento é de construirmos o máximo de alianças, uma frente a mais ampla possível em defesa da democracia e que façamos outros atos também nesse sentido.”

Mais ligados ao centro, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), e a senadora Simone Tebet (MDB-MS), também confirmaram presença.

PT e PSol

O PSol divulgou uma nota, na noite de sexta-feira (10/9), na qual afirma que “vem atuando para construir a mais ampla unidade para derrotar Bolsonaro”, mas informa que o partido “não é organizador, não convoca e nem participará da manifestação do dia 12 de setembro”.

Descolada da sigla, a deputada estadual Isa Penna (PSol-SP) decidiu comparecer ao ato ainda assim, o que gerou ameaças de sanções internas por desrespeito à diretiva da Executiva nacional. A parlamentar conta com apelo de aceitação no público para evitar as reprimendas.

Na véspera do ato, o PT divulgou resolução em que afirma não aderir ao ato convocado pelo MBL, mas reafirma posição favorável ao impeachment. “Saudamos todas as manifestações Fora Bolsonaro, esclarecendo que o PT não participou da organização nem da convocação de ato que já estava marcado para este domingo”, diz o texto.

Centrais sindicais divididas

Afora os partidos políticos, quatro centrais sindicais também estão convocando seus sindicalizados para os atos: Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).

Representantes das quatro centrais se reuniram na última sexta-feira (10/9) com os deputados Kim Kataguiri e Orlando Silva para tratar dos atos. 

Ainda na quarta-feira (8/9), a direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou um comunicado para informar que “não participará, não convocará e não faz parte da organização de nenhuma manifestação/ato, anunciada para o próximo dia 12 de setembro”.

A justificativa usada foi de que os atos foram convocados por grupos que teriam ajudado no processo de eleição de Bolsonaro.

“Esse ato foi convocado por grupos de direita, como MBL e Vem Pra Rua, que contribuíram com o golpe de 2016, que foi contra o Brasil e os brasileiros, e que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro. Desde então, além das crises social, econômica e sanitária, a classe trabalhadora vem sofrendo uma série de ataques contra seus direitos”, diz a CUT.

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