Chá da tarde e ensino de Libras: a agenda de Michelle com ministros
Agenda da primeira-dama com ministros inclui projetos voltados a pessoas com deficiência, ações de voluntariado e reuniões de relacionamento
atualizado
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Atuante em causas sociais, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, costuma participar na Esplanada dos Ministérios de chás da tarde e de reuniões sobre assuntos relacionados a pessoas com deficiência, além de cuidar da gestão do Pátria Voluntária, programa social comandado por ela.
Como os compromissos da esposa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não são divulgados publicamente, o Metrópoles levantou registros de presença dela nas agendas oficiais dos ministros de Estado. Foi utilizado o período de 1º de janeiro de 2019 a 31 de outubro de 2021.
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, é a integrante da Esplanada que mais recebe a primeira-dama. Foram 14 reuniões desde o começo do mandato de Bolsonaro. Um desses encontros foi classificado como “chá da tarde”.
Michelle e Damares são frequentemente vistas juntas e sempre trocam elogios. Em 21 de agosto, um avião da Força Aérea Brasileira requisitado pela ministra levou sete parentes de Michelle a São Paulo para um evento do Pátria Voluntária. Na noite do mesmo dia, Damares e Michelle participaram na capital paulista do aniversário do maquiador e influenciador digital Agustin Fernandez, amigo das duas.
“Chá da tarde” também foi motivo de uma agenda da primeira-dama com a outra única integrante do sexo feminino na Esplanada, Tereza Cristina, titular da Agricultura.
Na solenidade de posse de Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro de 2019, Michelle surpreendeu ao discursar na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Desde então, a tradução simultânea em Libras passou a ser regra em eventos no Palácio do Planalto, em ministérios e até mesmo nas lives presidenciais, que sempre contam com intérpretes da língua.
A pauta é tema de agendas da primeira-dama, que costuma tratar do ensino bilíngue para surdos e de políticas para educação de pessoas com deficiência com ministros envolvidos na área, em especial na Educação, onde tem reuniões frequentes.
Na gestão de Ricardo Vélez, que ficou apenas três meses no cargo, houve apenas uma agenda. Sob Abraham Weintraub, não há registros de idas da primeira-dama ao MEC.
A situação mudou com a chegada do pastor Milton Ribeiro, que, assim como Michelle, é evangélico. Na agenda do pastor presbiteriano, há registros de sete reuniões com a primeira-dama. Entre os assuntos tratados, estão orçamento, Política Nacional de Educação Especial e ensino bilíngue para surdos nas escolas militares do governo federal.
Pátria Voluntária
Ainda no primeiro ano de mandato de Bolsonaro, Michelle foi designada presidente do conselho do Pátria Voluntária, programa criado para estimular e valorizar o trabalho voluntário no país. A iniciativa é coordenada pela Casa Civil da Presidência da República, por meio de uma Secretaria Executiva.
O Pátria Voluntária promove campanhas periódicas destinadas à arrecadação de agasalhos e de brinquedos para populações carentes. O objetivo do projeto é firmar convênios entre o governo, as organizações da sociedade civil e o setor privado.
Segundo a assessoria de imprensa do programa, há mais de 2 mil entidades e 17 mil voluntários cadastrados. Em dois anos de funcionamento, mais de 1,6 milhão de brasileiros foram beneficiados pelas ações.
Como parte das iniciativas, Michelle esteve nos ministérios da Economia, da Agricultura, das Relações Exteriores, da Cidadania, da Saúde e da Defesa a fim de arrecadar doações de servidores para o projeto. Nem todas essas visitas constam nas agendas dos ministros, mas há registros fotográficos.
Ministérios desconsiderados
Três ministérios foram desconsiderados do levantamento porque não há registros de agenda dos ex-titulares, são eles: Advocacia-geral da União (AGU); Ministério da Cidadania; e Ministério da Saúde.
Como não foi possível localizar as agendas dos ministros que deixaram os cargos, a reportagem desconsiderou o ministério para uma comparação justa com os demais órgãos do Executivo.
O Metrópoles entrou em contato com as três pastas citadas para ter acesso às agendas dos ex-integrantes, mas não houve retorno até a quarta-feira (10/11).