CCJ é marcada por críticas e pedidos por saída de Bia Kicis
Sessão ocorre um dia depois da deputada bolsonarista incentivar um motim da PM contra o governador da Bahia
atualizado
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Um dia depois da presidente da Comissão de Comissão de Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Bia Kicis (PSL-DF), incentivar um motim da Polícia Militar contra o governador da Bahia, Rui Costa (PT), a sessão do colegiado desta terça-feira (30/3) foi marcada por críticas a bolsonarista e pedidos para que ela deixe a presidência do colegiado. Kicis não respondeu às críticas, tampouco se desculpou pela mensagem.
Assim que a deputada abriu a sessão, Maria do Rosário (PT-RS) pediu a palavra e disse que Kicis não teria legitimidade para continuar à frente da CCJ. “A parlamentar não defende a Constituição, não defender a Justiça e não defende a Cidadania. Os três pilares que fazem a existência dessa comissão são ofendidos permanentemente por essa parlamentar”, criticou.
“Neste final de semana, nos deparamos com mais um absurdo, um ataque às instituições, um desrespeito de quem está na cadeira de defesa plena da Constituição. Ela [Bia Kicis] não apenas desconhece a constituição, mas a responsabilidade que tem”, acrescentou a petista.
Logo depois, a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) disse que Bia Kicis perdeu as condições de continuar no comando da CCJ. “Não é possível que os parlamentares se silenciem diante dos seus ataques às instituições”, reclamou.
Kim Kataguiri (DEM-SP) também usou o tempo de fala para reclamar das pautas defendidas pela presidente da comissão. “Assusta ver parlamentares desta casa defende sublevação, defendendo motim, que a Polícia Militar dos estados desobedeça a seus chefes e governadores.”
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) aproveitou para cobrar responsabilidade da deputada. “A vossa excelência está a incentivar uma belicosidade inimaginável. Estamos vivendo momento no país, onde radicalismo se exacerba cada vez mais. Uma espécie de barril de pólvora e venha vossa excelência e ascende um palito de fosforo. Parece pouco coisa, mas é o suficiente para causar um incêndio”, disse. “Vossa excelente tem o dever de apagar incêndio e não de ser incendiária”, acrescentou o pedetista.
“Para o bem do interesse público do país, no meio desta pandemia com mais de 300 mil mortos, não seria o momento de a senhora [Bia Kicis] colaborar com essa Casa e com o Brasil e pedir para sair do comando da CCJ? Seria um bem que a senhora faria para a Casa e para o nosso país”, afirmou Bira do Pindaré (PSB-MA).
“Lamento o pedido que abra mão de certas posturas pessoais que são típicas do mandato da vossa excelência em favor da cadeira tão importante que vossa excelência ocupa”, disse a deputada Margarete Coelho (PP-PI).
A CCJ, sob Kicis, vem sendo marcada por sessões tumultuadas. Até então, em cinco reuniões, não conseguiram votar nenhuma proposta e uma delas terminou com troca de ofensas entre petistas e bolsonaristas. A deputada também vem sendo criticada por não usar a máscara corretamente durante as sessões do colegiado.
“Não acho produtivo ficarmos discutindo o tuíte da nossa presidente, ainda que eu ache que foi infeliz”, disse Gilson Marques (Novo-SC). O fato é que não podemos ser um país governado pelo Twitter e muito mesmo um tuíte pautar uma hora da reunião da CCJ”, acrescentou.
O PSol protocolou, nesta terça-feira, representação contra a deputada e pediu que ela fosse afastada da presidência da comissão.