Caso Queiroz aumentou menções negativas a clã Bolsonaro nas redes
Segundo levantamento da AP/Exata, ação de robôs e perfis fakes ligados ao presidente caiu, mas cobranças e sentimentos negativos cresceram
atualizado
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De um lado, a ação de robôs, perfis fakes e militantes profissionais nas discussões envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi reduzida significativamente (40%) após as eleições. De outro, a repercussão das movimentações financeiras atípicas do ex-assessor da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Fabrício Queiroz e de seu ex-chefe, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), aumentaram as menções negativas à família presidencial.
É o que apontam dados extraídos do Twitter pela empresa de análises AP/Exata, de acordo com reportagem de O Globo.
O jornal explica que, de acordo com o estudo da AP/Exata, feito com uma amostra de tweets geolocalizados em 145 cidades monitoradas pelos pesquisadores, fakes, robôs e perfis militantes fizeram 3.157 postagens sobre a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF_, de suspender as investigações sobre o caso Queiroz.
Os dados foram captados entre as 16h de quinta (14/1) e as 16h de sexta-feira (15). No período, os termos “Queiroz” e “Flávio Bolsonaro” tiveram bastante repercussão no microblog. O número de postagens foi 40% menor do que o captado com a mesma amostra nas 24 horas anteriores ao fim da votação do segundo turno, quando foram registrados 5.204 tweets.
Para o diretor da AP/Exata Sergio Denicoli, os dados revelam que parte da rede montada para influenciar artificialmente as discussões nas redes sociais durante a campanha foi desmobilizada, embora parte dela tenha sido reativada com a repercussão do caso Queiroz – na primeira semana de dezembro, a queda chegou a 73%.
“Quando há uma crise, como é o caso Queiroz, esses robôs aparecem novamente. Claro que não no volume da eleição, mas eles voltam a operar. Claro que aí há gente pró-Bolsonaro, mas também há do PT e de outros partidos”, disse o especialista em comunicação digital à reportagem.
Desgaste
Entre os usuários reais, disse, a repercussão do escândalo envolvendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro tem sido amplamente negativa e vem desgastando o governo nas redes sociais. Segundo a AP/Exata, o caso fez com que os comentários negativos associados o bolsonarismo fossem mais numerosos do que os positivos pela primeira vez.
“O sentimento negativo é muito maior que o positivo. Isso é um baque na imagem do Bolsonaro, porque, até então, era tudo muito positivo. Nesse caso do Queiroz a confusão está colocada. Na maioria dos tweets é negativa e o sentimento de medo e de raiva estão muito presentes. Há ainda alguma confiança, são pessoas que defendem Bolsonaro e a honestidade dele”, analisou Sergio Denicoli.
Segundo o levantamento, entre quinta e sexta-feira, foram registrados 59.441 posts com os termos “Queiroz” e “Flávio Bolsonaro”. Deste total, 38% das menções foram negativas, enquanto apenas 22%, positivas. Os analistas consideraram as demais postagens neutras: elas somaram 40%, quase o mesmo índice dos comentários negativos.
Medo e tristeza foram os sentimentos mais presentes nos comentários. Apoiadores do clã Bolsonaro foram às redes sociais da família para cobrar explicações (veja abaixo). “O caso Queiroz é uma maçã podre em meio a maçãs saudáveis. Ou seja, se continuar crescendo dessa forma, poderia afetar a imagem do governo e reduzir a confiança”, concluiu o diretor da AP/Exata.
O MP pediu dados da COAF do próprio Flavio Bolsonaro desde 2007. Isso que motivou a ação para suspender a investigação.
Ou seja: Flávio Bolsonaro é sim investigado.— Mov. Brasil Livre (@MBLivre) 17 de janeiro de 2019
Agora é o próprio STF falando que a ação foi ajuizada pelo Flávio Bolsonaro e ele pediu o lance do foro privilegiado.
A turma que veio xingar nos comentários favor ler. https://t.co/uuPCN8G6XB— Mov. Brasil Livre (@MBLivre) 17 de janeiro de 2019
O que sabemos até agora sobre essa movimentação do Flávio Bolsonaro no STF. pic.twitter.com/fc1GkjLB3i
— Mov. Brasil Livre (@MBLivre) 17 de janeiro de 2019
O pedido de Flávio Bolsonaro cheira muito mal. Quando a imprensa divulgou fakenews sobre @FernandoHoliday, ele mesmo se denunciou no MP para ser investigar e mostrar que é inocente. Entrar com pedido para ser investigado em foro especial é, no mínimo, suspeito. https://t.co/L69kRFsvD4
— Kim Kataguiri (@kimpkat) 17 de janeiro de 2019
UÉ? pic.twitter.com/LgAqtZRHst
— PSOL na Câmara (@psolnacamara) 17 de janeiro de 2019
Muito grave a notícia de que o Supremo suspendeu INVESTIGAÇÃO sobre o caso Queiroz. Os pesos e medidas são muito diferentes. Para Lula, basta convicção, para os Bolsonaros nem documento público é considerado https://t.co/kpcUK8OEYn
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 17 de janeiro de 2019