Casa Civil centralizou negociações do Covax Facility, diz Pazuello
Ex-ministro da Saúde presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (20/5) sobre a gestão dele na pandemia
atualizado
Compartilhar notícia
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou, nesta quinta-feira (20/5), que “todas as negociações” pela entrada do Brasil no consórcio Covax Facility foram centralizadas pela Casa Civil. Na época, a pasta era comandada pelo atual ministro da Defesa, Walter Braga Netto.
“Toda negociação para entrada no Covax Facility foi centralizada na Casa Civil”, enfatizou Pazuello na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
Na sessão dessa quarta (19/5), o general afirmou que o Brasil optou por solicitar a quantidade mínima de doses disponíveis por entender que o consórcio apresentava “riscos”. Caso o montante máximo fosse aceito pelo governo, o quantitativo de vacinas contra a Covid-19 seria suficiente para imunizar 50% da população brasileira.
O Brasil optou por solicitar doses em quantidade equivalente a 10% da população. “Não havia firmeza e estabilidade nos processos para apostarmos tantos recursos: 42 milhões de doses eram, para nós, naquela forma, o máximo que poderíamos fazer com o risco que estava imposto ali dentro”, disse.
O consórcio foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como meio de estimular e dar celeridade à distribuição de imunizantes contra Covid-19 aos países-membros. Mais de 150 nações integram o grupo. A entrada do Brasil custou R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos.
Critérios
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) questionou o ex-ministro sobre os critérios adotados para que o governo federal recusasse comprar vacinas ainda em 2020 de farmacêuticas internacionais.
“O senhor utilizou os critérios referidos como transferência de tecnologia e análise de custos como métricas?”, indagou. Pazuello, então, respondeu: “Uma das métricas, sim”.
“Vossa excelência está equivocada, a Constituição Federal brasileira coloca como valor máximo a defesa da vida. Em Israel o diferencial foi que o primeiro-ministro compreendeu o valor máximo da vida. Vossa excelência errou”, completou Vieira.
Pazuello é o oitavo depoente do colegiado. Antes deles, os senadores ouviram os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.
O ex-chanceler Ernesto Araújo, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten e o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres também prestaram depoimento.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.