Cardozo tenta convencer senadores a votar contra impeachment
A primeira reunião foi com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) na tarde desta terça-feira, 26
atualizado
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O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, iniciou nesta semana uma peregrinação por gabinetes no Senado Federal para convencer parlamentares a votarem contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. A primeira reunião foi com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) na tarde desta terça-feira, 26, para quem apresentou as teses que, segundo Cardozo, esclarecem que não houve crime de responsabilidade por parte da presidente. “Confio que vai dar para reverter votos ao longo dos próximos dias, pois nossos argumentos são claros e contundentes. Basta ler a defesa para saber que não existe dolo nas denúncias”, disse o ministro.
A ideia é visitar senadores – “todos que se dispuserem a me receber” – durante toda esta semana e a próxima. Cardozo afirmou que, após a entrega da defesa na Comissão Especial do Impeachment, remeterá aos senadores o mesmo documento, para apreciação. “Trabalho com a hipótese de que o impeachment não será aprovado”, afirmou. “A ideia é fornecer subsídios aos senadores para que eles possam avaliar as teses da defesa que, ao meu juízo, são indestrutíveis do ponto de vista jurídico.”Segundo Cardozo, o senador Cristovam Buarque ouviu todos os argumentos da AGU e fez perguntas, mas não manifestou sua opinião. “Ele está buscando formular seu convencimento, o que acho absolutamente justo e seguro”, contou. Ao Placar do Impeachment elaborado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o senador havia se declarado favorável ao afastamento de Dilma, mas no início da noite desta terça-feira mudou de opinião e afirmou estar indeciso.
Cardozo evitou falar sobre a escolha do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) como relator da comissão, mas declarou que se sente mais confortável com o andamento do processo no Senado, em comparação aos procedimentos da Câmara dos Deputados. Ele fez um paralelo entre as posturas dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha: “Cunha abriu o processo por vingança, negociando para que houvesse o impeachment. Já no Senado, eu acredito que, por tudo o que vem demonstrando, Renan buscará ser imparcial, o que é evidentemente muito bom, porque o que aconteceu na Câmara foi inaceitável”, criticou. Para o ministro, “os vícios e o desvio de poder que caracterizaram o processo na Câmara traduzem a nulidade do processo”.
Sobre Dilma, ele voltou a dizer que a base para o impedimento da presidente é “infundada” e “contrária à Constituição Federal”. “Nossos argumentos atestam a absoluta inocência de Dilma e a injustiça que seria o seu afastamento, mesmo que provisoriamente Seria uma ruptura institucional para o País, inclusive aos olhos do mundo, que tem tirado as mesmas conclusões”.
Ele ainda se disse satisfeito por poder fazer a defesa antes e depois da apresentação do relatório de Anastasia, conforme decisão da comissão. “Acho correto. A defesa sempre deve falar por último. Só na Câmara que não foi assim”, criticou.