“Capitã Cloroquina”: críticos da droga podem ter “cometido genocídio”
Secretária do Ministério da Saúde escreveu artigo defendendo nota da pasta favorável a medicamentos sem comprovação de eficácia
atualizado
Compartilhar notícia
A secretária de Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, escreveu artigo no qual defende a nota informativa n° 9/2020, que tem orientações da pasta para “Manuseio Medicamentoso Precoce de Pacientes com Diagnóstico de Covid-19”. Ela sugere que os críticos dos medicamentos sem comprovação de eficácia poderão ser responsáveis por um “verdadeiro genocídio”.
Mayra será ouvida, nesta terça-feira (25/5), pela CPI da Covid, justamente por sua defesa pública ao chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19, com medicamentos que não possuem comprovação de eficácia para a doença.
O texto “Fundamentação bioética do tratamento precoce no Brasil em tempos de pandemia” foi publicado na Revista de Direito Sanitário da Comissão de Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Mayra o assina em parceria com o médico Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
Mayra diz, no texto, que se a efetividade do uso do Kit Covid – hidroxicloroquina + Azitromicina ou Cloroquina + ivermectina – for provada, quem batalhou contra será responsável pela morte de milhares de brasileiros.
“Se a efetividade de tais medicações contra a Covid-19 for comprovada, aqueles que lutaram para banir o uso da medicação contida na NI9 serão responsáveis por um verdadeiro genocídio de milhares de brasileiros, caso obtenham sucesso em seus intentos de censurar a informação ofertada pelo Ministério da Saúde”, escreveu.
“Se não for comprovada, as doses demonstradas na NI9 são seguras, utilizadas há décadas para diversas condições e de custo relativamente pequeno que não prejudica outras medidas de enfrentamento da Covid-19”, acrescentou.
Contudo, já é comprovado que a cloroquina pode ter efeitos colaterais. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já fez “forte recomendação” contra a cloroquina como “tratamento preventivo” da Covid-19.
“A economia não foi impactada pela recomendação como foi por outras medidas (como o isolamento social e a restrição radical à mobilidade) e não houve impacto à cultura de ética em pesquisa brasileira, já que recomendações similares foram realizadas pelo Ministério da Saúde em situações análogas, conclui-se que o risco de consequências encontra-se dentro de expectativas responsáveis, com baixa probabilidade de impactos negativos imprevistos”, diz o artigo de Mayra.