metropoles.com

Campanha de Pezão foi antecipada e pagamentos seriam no exterior

Informações constam em delação premiada firmada entre Ministério Público Federal e Renato Pereira, marqueteiro do PMDB

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
pezão
1 de 1 pezão - Foto: FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

Na delação premiada que firmou com o Ministério Público Federal (MPF), à qual o Metrópoles teve acesso, o marqueteiro Renato Pereira revelou que a campanha eleitoral ao governo do Rio de Janeiro, em 2014, foi antecipada pelo PMDB. A equipe de Comunicação teria começado os trabalhos antecipadamente devido aos “problemas de comunicação” do candidato, posteriormente eleito, Luiz Fernando Pezão.

Segundo o delator, a conversa para fechar a atuação do grupo Pensamentos, ao qual Pereira era ligado, ocorreu ainda entre maio e junho de 2013, no Palácio Guanabara. Além de Pereira, teriam participado do encontro o então governador Sérgio Cabral e seu secretário de Governo, Wilson Carlos Cordeiro Carvalho.

“Vale destacar que essa pré-campanha se iniciou muito antes do que seria o comum, pois considerava-se que Pezão necessitava de uma atenção especial, em razão de sua dificuldade de comunicação”, conta em um dos anexos da colaboração fechada pelo marqueteiro com o MPF.

Foi traçado, assim, um plano de comunicação que incluia treinamento ao candidato, produção de vídeos, apoio nas redes sociais e inserções (comerciais semestrais) do PMDB na mídia. “O plano foi entregue a Cabral e Wilson, que me orientaram a falar com Pezão. Este, por sua vez, em reunião no seu gabinete no Palácio Guanabara [o político foi secretário de Obras na gestão Cabral], indicou que Hudson Braga [então subsecretário de Obras do Estado] seria o responsável pelos pagamentos dessas despesas”, detalhou Renato Pereira.

Ao MPF, o delator contou que, desde o início dos trabalhos, teve dificuldade para receber os valores acertados: tanto os lícitos quanto os por meio de caixa 2. Assim, em agosto de 2014, ele diz ter relatado o problema a Sérgio Cabral, no escritório que o então governador mantinha no Leblon, bairro nobre localizado na Zona Sul carioca. Pouco depois, o político teria marcado, no mesmo endereço, reunião com Pereira e Braga, na qual teria orientado o assessor de Pezão sobre a necessidade de regularizar os pagamentos.

Remessas internacionais
“Alguns dias depois, ainda em agosto, Hudson pediu que eu o encontrasse à noite, no mercado de peixes da Barra da Tijuca (outro bairro nobre do Rio). Em razão de dificuldades para a realização de pagamentos, Hudson consultou-me sobre a possibilidade de realizar parte do pagamento no exterior”, revelou Renato Pereira, que teria, em um primeiro momento, negado essa hipótese. No entanto, apresentou a proposta a seus sócios, sendo que Eduardo Vilela teria contatado um doleiro que disse ser possível depositar os valores no estrangeiro e, depois, remetê-los ao Brasil, devidamente convertidos em real. “Tal procedimento foi efetivamente utilizado, com a anuência dos demais sócios do grupo Pensamentos”, afirmou Pereira.

O acerto da transferência internacional teria sido realizado no escritório da Odebrecht, no Rio – a empreiteira arcaria com a despesa, de 800 mil euros. “Nesse mesmo contexto, cabe relatar que me foi solicitado por Sérgio Cabral que aproveitássemos a operação com a Odebrecht para incluir valor destinado a ele – 130 mil dólares. O pagamento, no entanto, acabou por não acontecer em razão de dificuldades internas da empreiteira”, ressaltou o marqueteiro. Segundo ele, o sócio Eduardo Vilela teria sido procurado por Hudson Braga para fazer a mesma operação com outra empreiteira, a OAS. Mas essa operação também acabou abortada.

“Ainda nesse período, o emissário Barata entregou valores em espécie a mim e a Eduardo Vilela, no Polo de Cine & Vídeo, por volta de 10 vezes, sempre a mando de Hudson Braga. A certa altura, os pagamentos passaram a ser feitos irregularmente, o que relatei a Fernando Pezão por mais de uma vez”, acrescentou o delator em outro trecho do documento.

Delação não homologada
Na terça-feira (14/11), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowiski, retirou o sigilo da delação de Renato Pereira, que corria em segredo de Justiça. Ele questionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre os termos do acordo e pediu que a Polícia Federal apurasse o vazamento da colaboração. Nesta quinta (16), a PGR recorreu da quebra de sigilo e a PF instaurou inquérito para investigar a divulgação ilegal das declarações de Pereira ao MPF.

Sérgio Cabral, Hudson Braga e Wilson Carlos estão presos. Em junho, o juiz Sérgio Moro condenou Cabral e Wilson Carlos pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. O ex-governador, que teria recebido R$ 2,7 milhões em propinas pagas pela Andrade Gutierrez referentes às obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, terá que cumprir 14 anos e dois meses de prisão. Amigo de infância do ex-governador, Wilson Carlos pegou 10 anos e oito meses de detenção.

Em outubro, o governador Luiz Fernando Pezão prestou depoimento, na condição de testemunha, em processos que tramitam na 7ª Vara Federal Criminal do Rio para apurar suspeita de contratação de obras mediante pagamento de propina na gestão de Sérgio Cabral. “Eu só assinava”, resumiu o governador sobre os editais de licitação dos empreendimentos investigados.

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?