Campanha de Lula deve descartar figura do “supermarqueteiro”
O uso das redes sociais deslocou, em parte, a importância da propaganda em rádio e TV, principal entrega dos publicitários
atualizado
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Hoje favorito nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial de 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o nome do PT para o Palácio do Planalto, apesar de Lula afirmar que ainda não bateu o martelo sobre sua candidatura. A estruturação da comunicação da campanha do petista, no entanto, deverá ter diferenças significativas em relação a disputas passadas. Um ponto importante é que a contratação do chamado “supermarqueteiro”, papel exercido por Duda Mendonça, em 2022, e depois por João Santana, é vista como improvável.
Coordenada atualmente pelo jornalista Franklin Martins, que foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social de Lula, a área de comunicação do petista trabalha com a ideia de que a figura do grande publicitário, com caras produções cinematográficas para o horário de TV e rádio, perdeu importância.
Martins, que sempre manteve relações estreitas com o ex-presidente, passou a coordenar toda a comunicação de Lula no fim de maio. A persistir essa ideia, a contratação de um bom produtor de TV é pensada como solução, em um ambiente no qual o ex-presidente pode chegar com vantagem no início oficial da corrida eleitoral e já com um peso importante nas redes sociais, hoje ainda polarizadas com o atual mandatário da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
“Coração”
O programa de TV sempre foi considerado o “coração” das campanhas, seja no nível nacional, seja nos estados ou nas capitais. Era a principal entrega dos profissionais de publicidade.
O uso das redes sociais, entretanto, deslocou, em parte, essa importância, na avaliação de pessoas próximas ao ex-presidente.
Além disso, as regras para a campanha na TV e no rádio abreviaram o tempo de exposição do candidato nesses meios de comunicação. A partir de 2016, a campanha na TV e rádio passou a ocorrer somente 45 dias antes do dia de votação. Ou seja, nas redes, essa construção começa bem antes de o nome ser lançado.
Apoiadores de Lula apontam que o tempo até a próxima eleição é relativamente curto para propiciar mudança brusca de cenário e não seria suficiente para apresentação e consolidação de nomes novos.
Tom
A ausência do “supermarqueteiro” é novidade na campanha de Lula, embora o PT já tenha experimentado o modelo em 2018, quando Haddad foi o candidato. Lula estava preso, mas dava o tom.
Campanhas anteriores de Lula tiveram grandes nomes do marketing político, Duda Mendonça e João Santana. Os dois receberam recursos vultosos nas campanhas e acabaram presos posteriormente sob acusação de terem sido pagos com recursos provenientes de caixa 2.
Falecido recentemente, Mendonça obteve reconhecimento ao tornar o torneiro mecânico, que liderava greves na porta das fábricas de automóveis no ABC, em uma versão mais agradável aos olhos dos mercados e dos conservadores. Foi ele quem criou, em 2002, o “Lulinha paz e amor”.
João Santana, por sua vez, trabalhou para reeleger Lula, eleger e reeleger Dilma Rousseff. Agora, fechou contrato com a campanha do cearense Ciro Gomes (PDT), outro nome forte na disputa.