Câmara: confira os discursos de Chico Alencar e Van Hatten, na íntegra
Ambos concorrem contra Arthur Lira na disputa à Presidência da Câmara nesta legislatura
atualizado
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Os candidatos à Presidência da Câmara Chico Alencar (PSol-RJ) e Marcel van Hatten (Novo-RS) discursaram nesta quarta-feira (1º/2) na tribuna da Casa antes da votação da Mesa Diretora.
Ambos foram os únicos a desafiar a hegemonia de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pelo comando da Câmara.
Na votação, o parlamentar carioca espera obter, pelo menos, o voto dos 13 integrantes da bancada do PSol. Vale ressaltar, porém, que o voto para presidente da Casa é secreto, o que dá margem para “traições”.
Ao longo da campanha, o deputado federal do PSol defendeu uma candidatura de contraponto ao atual presidente da Câmara. Em diversas ocasiões, o parlamentar criticou a concentração de poder de Lira e alertou que o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao alagoano poderá custar caro ao novo governo.
Na avaliação do psolista, a eleição de Lira será negativa para Lula, uma vez que quantos mais votos o atual presidente da Câmara tiver, mais forte sairá da disputa. “Ele vira uma espécie de copresidente, de imperador do Parlamento. Mas o PT tomou essa decisão de apoiá-lo”, disse, recentemente.
Confira os discursos na íntegra
Chico Alencar (PSol-RJ)
Olá, colegas de representação! A gentileza da atenção. e a acolhida generosa de antigos colegas e dos servidores.
“Acima de nós há uma cuia côncava projetada pelo arquiteto, erguida pelos trabalhadores –recolhe todas as demandas da nossa gente, em especial da mais sofrida e inviazibilizada – casa do povo, na sua diversidade! a tragédia yanomami nos interpela! casa alvo. casa bicentenária que, com suas virtudes e mazelas, já foi fechada ou dissolvida 18 vezes. Casa cuja defesa cabe sobretudo a nós, que aqui estamos por delegação do povo dos nossos estados”, disse.
“Hoje, repudiar os ataques criminosos de 8 de janeiro, frente à abominável tentativa de golpe, materializada em depredação e saque às sedes dos 3 poderes (esse triplo capitólio). não podemos contemporizar, minimizar, “passar pano”, parlamentares que apoiaram a intentona, ferindo a ética e o decoro. Sem anistia!”, disse.
“A candidatura do Psol e da Rede, e quer ser mais: de todo/as que querem uma Câmara voltada para a grande política, de ideias e causas, de disputa civilizada de projetos para o país, por um brasil justo, igualitário, fraterno, soberano. Uma câmara que seja usina não poluidora de produção de soluções para o país, que atendam às maiorias sociais marginalizadas”, declarou.
“Nossa candidatura é de embate com a do adversário e com ela antagoniza. Não tem uso da máquina (que foi descarado), distribuição de benesses, troca de favores. a vontade de mudança vitoriosa para o executivo tem que se manifestar também aqui!
a reconstrução do brasil, não comporta um presidente da câmara super poderoso, que sempre atuou ao lado de bolsonaro.
nossa candidatura é de repúdio ao orçamento secreto, força torta e torpe de apropriação privada do dinheiro público por uma pequena casta – cujo objetivo maior é criar curral eleitoral de reprodução oligárquica de mandatos”, disse.
“Nossa candidatura foi fundada em 20 pontos programáticos largamente divulgados: contra as opressões, o racismo, machismo, pela livre orientação afetiva ‘qualquer maneira de amar’ – é de denúncia das velhas formas de fazer política: um não ao fisiologismo, ao patrimonialismo, ao toma lá dá cá, ao messianismo de mercado, à precarização de direitos, ao desprezo pelo meio ambiente”, disse.
“Nossa candidatura é anúncio de um legislativo que não cria dificuldades para obter facilidades, que respeita as minorias, que não manipula o regimento, que não “depreda” sua própria credibilidade. que se move por causas e não causas. Por uma Câmara democrática, transparente, comprometida com o interesse público. Eu não temos dúvidas: a mola propulsora da transformação é a organização e mobilização da população! As maiorias sociais têm que se constituir como maiorias políticas”, disse. “A história comprova que ousar e sonhar faz a humanidade avançar, na ciência, na política, nas relações sociais. fora dessa coragem é adaptação, conformismo paralisante. sem a dimensão da utopia a política se apequena e se corrompe”, declarou.
“Convido a cada uma, a cada um, a dar esse sinal de esperança de que tudo pode ser diferente, a começar pela gestão dessa casa.
a inspirar-nos está a luta dos oprimidos desse país e do mundo, tantas vezes derrotada mas invencível. luta e postura tão comoventemente retratada por chico Buarque, Ruy Guerra e Joe Darion, na peça “o homem de la mancha”, declarou.
“sonhar mais um sonho impossível, lutar quando é fácil ceder, vencer o inimigo invencível, negar quando a regra é vender!”, disse.
Marcel van Hatten (Novo-RS)
“A minha honra e a minha alegria é proporcional a minha preocupação. Essa é uma casa plural, de todos, mas lamentavelmente não vemos neste momento de fato ela ser plural, pois muitos aqui presentes tem o seu direito de manifestação cerceados em desacordo com o que diz a constituição.
Estamos num momento em que os poderes estão desequilibrados, onde se agigantam poderes e se apequenam outros. Quem cuida de democracia é o parlamento. Quem escreveu a Constituição foi o Congresso. O Executivo apenas representa a maioria, o judiciário sequer foi eleito pelo voto popular. Mas é aqui nesta casa que a pluralidade que a sociedade está representada”, disse.
Por isso sou candidato à Presidência da Câmara. não é possível que até ontem só tenhamos mais duas candidaturas, uma de extrema esquerda do PSol e outra apoiada por Lula e o PT”, declarou. “Não é possível que este parlamento renovado pela população brasileira, com pautas conversadores e liberais não queira um representante que defenda as mesmas pautas com clareza e veemência”, declarou.
“Por isso me candidatei a Presidência e por isso me anima ouvir os apoios que recebo dos colegas nobres deputados. Não se esqueceram o que é o PT, que votaram contra tudo que faz do nosso país ser o que é. votaram contra o Plano Real, criaram o foto de São Paulo”, disse.
“Fizeram com que o partido, dito dos trabalhadores, ficasse envergonhado todo o brasil e todo o cidadão que foi condenado em todas as instancias e foi descondensado por obra de seus amigos no STF e que deveria estar na cadeia e não no Palácio do Planalto”, declarou. “Percebo o quanto teremos que ser vigilantes com o retorno dessa quadrilha ao poder, desbaratas pela lava jato. Defensores da democracia e amigos de Cuba. Eu não posso concordar com uma chapa que dará ao PT a presidência da CCJ. Onde isso é um bom acordo? Eu quero um país com menos corrupção. O poder corrompe, mas o poder absoluto corrompe absolutamente”, disse.
“A Casa precisa devolver a dignidade aos parlamentares pagam por suas opiniões e que andam com tornozeleiras pelo Plenário. Isso é inadmissível numa democracia. Eu não posso concordar com uma Câmara que segue omissa, de joelhos diante de ditadores, tiranos, autoritários. Lembro que há quatro anos concorri à presidência da Câmara, e há dois anos outra vez e me perguntaram se eu concorreria uma terceira”, afirmou
Esse ano tinha um candidato em mente que estava preparando sua candidatura desde dezembro para reptresentar essa direita majoritária no Plenário e desistiu por motivos justificáveis, mas cá estou eu”, disse.
“Passei quatro anos defendendo meus princípios e valores. Quero desejar o mesmo o mesmo Adriana Ventura e Gilson Marques, colegas de bancadas, e desejar o mesmo aos que chegam, e a todos que mantem os meus princípios e valores”, afirmou. Ouuvi de muitos que teriam se arrependeram de seus votos, então é a chance daqueles que chegam votarem numa candidatura contra Lula e o PT”, declarou.
Lira mira votação recorde
Lira já é dado nos corredores da Câmara como o vencedor da disputa pela presidência. Graças à sua capacidade de articulação, o atual presidente e candidato à reeleição foi capaz de unir, em um único bloco de apoio, siglas opostas e adversárias, como PT e PL, além das bancadas do PP, PSD, MDB, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Mais Brasil (fusão PTB e Patriota), Pros, PCdoB, PV, PSB e União Brasil.
Com essa composição, o deputado venceria com folga, obtendo mais do que os 257 necessários para vencer ainda em primeiro turno. Ciente do expressivo favoritismo, o parlamentar alagoano tem se movimentado nos últimos dias para ampliar o apoio e demover o risco de “traições” no dia da votação.
Recentemente, o presidente da Câmara avalizou uma série de regalias para os deputados, que incluem o aumento da cota parlamentar, de cargos para lideranças partidárias e do valor do auxílio moradia.