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Cálculo renal: entenda como será a 5ª cirurgia do presidente Bolsonaro

Presidente informou que irá retirar cálculo que tem há cinco anos. Segundo ele, tamanho da massa é maior do que um grão de feijão

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Presidente Jair Bolsonaro na portaria do palacio do Alvorada
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro na portaria do palacio do Alvorada - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) informou nesta semana que será submetido a mais uma cirurgia, desta vez para retirar um cálculo renal, também conhecido como “pedra nos rins”.

Durante conversa com apoiadores, Bolsonaro brincou ao dizer que o cálculo é de “estimação” e afirmou que a pedra, “maior do que um grão de feijão”, está em sua bexiga há mais de cinco anos.

“Esse cálculo aqui é de estimação. Já tenho há mais de cinco anos. Tá na bexiga, maior do que um grão de feijão, e resolvi tirá-lo porque deve tá aí ferindo internamente a bexiga”, disse o presidente, sem dar mais detalhes sobre o procedimento ou quando ele será feito.

Existem vários métodos para a retirada de um cálculo (saiba mais sobre cada um mais abaixo). Dependendo de qual procedimento será escolhido, poderá durar entre 30 minutos a duas horas. 

Até a publicação desta reportagem, o Palácio do Planalto não havia se manifestado sobre o assunto.

Esta será a quinta cirurgia de Bolsonaro. As quatro anteriores foram em decorrência ao atentado à faca sofrido em setembro de 2018, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG).

O Metrópoles preparou uma arte, onde é possível ter uma noção do problema que afeta o presidente. A reportagem também conversou com um especialista para entender o procedimento ao qual Bolsonaro será submetido. 

O que são cálculos e como surgem

Cálculos são acúmulos de substâncias, como minerais e sais ácidos, que formam uma massa sólida, podendo surgir nos rins ou na bexiga e aumentar de tamanho.

Segundo o médico Fabio Vicentini, chefe do Centro de Cálculo Renal do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, o cálculo surge em decorrência de pequenos acúmulos de cristais. 

Eles podem se formar tanto nos rins quanto na bexiga, ou surgirem nos rins e descerem até a bexiga. Esse último tipo, no entanto, é menos comum.

Quando se trata de uma pedra na bexiga, a causa, normalmente, é resto de urina acumulada no local. 

“O cálculo renal se forma porque a pessoa tem muito cálcio e muito oxalato na urina, e bebe pouca água, por  exemplo. Já o cálculo de bexiga ele se forma, normalmente, porque a pessoa está tendo algum problema pra esvaziar a bexiga”, explica.

Há ainda casos de cálculos que surgem quando o homem tem problemas de próstata. 

“Se você tem uma obstrução, como algum problema na próstata, por exemplo, e a próstata está aumentado – um crescimento benigno – você vai ter dificuldade em urinar, então a uretra começa a fechar e sobra urina na bexiga”, acrescenta o médico.

Quais os sintomas

No caso de um cálculo na bexiga, como o do presidente, o paciente pode sentir dores, desenvolver infecções, sangramentos e até mesmo não conseguir mais urinar, caso o cálculo saia da bexiga e vá para a uretra. 

“[Esse último caso é] uma urgência. A urina não sai e a bexiga fica muito cheia, então você tem que tratar isso, porque senão fica correndo esses riscos”, afirma Vicentini.

O médico comenta ainda o fato de o presidente Bolsonaro ter o cálculo há cinco anos e a massa não ter sido retirada. 

“Quanto mais tempo passa, mais risco tem. Se tem o diagnóstico dessa pedra, o recomendado é tratar e investigar a causa, além de fazer uma prevenção para não surgirem outros cálculos, já que eles tendem a voltar”, explica.

Como é o procedimento

Existem vários métodos para a retirada de um cálculo, e tudo depende do tamanho da pedra. De acordo com o médico, o procedimento a ser feito por Bolsonaro será simples.

Apesar de o presidente e o Planalto não terem informado qual método será usado para retirar a pedra, Fabio Vicentini avalia que o chefe do Executivo deve ser submetido à retirada pela uretra, usando um laser. 

“Normalmente, é um tratamento endoscópico. Você entra com uma aparelho pela uretra, localiza a pedra, a quebra com um laser e retira os pedacinhos. É um procedimento que a gente considera bem simples e pequeno. Bem eficiente”, explica.

O método endoscópico também é usado caso exista um aumento da próstata. O procedimento se resume a tirar apenas a parte da próstata que está obstruindo a saída de urina da bexiga.

Há também o método chamado litotripsia extracorpórea. 

“É uma máquina que gera ondas de choque. [O aparelho] focaliza nessa pedra na bexiga e quebra essa pedra para a pessoa eliminar a pedra espontaneamente. Também é um tratamento que não invade o paciente. Fica só por fora mesmo”, acrescenta.

Em casos nos quais o cálculo é muito grande, a equipe médica pode ter de optar por uma cirurgia aberta. 

“Ou você faz um tratamento que se chama percutâneo, no qual você faz um furo de um centímetro na barriga e entra com uma câmera dentro da bexiga, quebra a pedra e tira. Se for muito grande, é necessário uma cirurgia aberta. Um corte grande, de 5 a 10 centímetros, para poder retirar”, afirma Vicentini.

Recuperação

O tempo de recuperação do paciente também depende do procedimento escolhido. 

Se o método feito pela equipe médica mexer apenas na pedra, o paciente pode ir embora no mesmo dia ou no dia seguinte.

“É uma recuperação rápida. Não tem nenhum corte, então em poucos dias ele [o paciente] está recuperado para as atividades normais”, explica Fabio Vicentini. 

Segundo o médico, caso o procedimento envolva a próstata, contudo, o paciente deve permanecer internado por dois dias, evitando fazer esforços por 15 dias até se recuperar totalmente. 

Histórico de cirurgias

A primeira cirurgia de Bolsonaro foi realizada no mesmo dia em que sofreu o atentado, em 6 de setembro de 2018. Na ocasião, o intestino do presidente foi ligado a uma bolsa de colostomia. 

A segunda, em 12 de setembro do mesmo ano, considerada de emergência, foi para reparar uma obstrução no intestino. 

O terceiro procedimento cirúrgico ocorreu em 28 de janeiro de 2019, a primeira já como presidente da República, e serviu para retirar a bolsa de colostomia. 

Inicialmente, a cirurgia estava prevista para durar três horas, mas, devido a uma grande quantidade de aderências, ou seja, partes do intestino que ficaram coladas, a equipe médica teve de fazer um procedimento mais complexo – o que fez com que o tempo total da cirurgia fosse de sete horas. 

A última e mais recente cirurgia foi realizada em 8 de setembro do ano passado. Na ocasião, os médicos corrigiram uma hérnia que surgiu no local do abdômen do presidente. A hérnia ocorreu em razão das últimas três cirurgias. O método durou cinco horas e foi bem-sucedido.

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Bolsonaro tira foto com apoiadores

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