Caixa cria sistema de censura prévia a projetos culturais, diz jornal
Segundo a Folha de S.Paulo, novas regras exigem relatórios sobre posicionamento político de artistas e comportamento deles nas redes sociais
atualizado
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Funcionários da Caixa Econômica Federal revelaram que foi criado um esquema de censura prévia a projetos culturais realizados em seus espaços em todo o Brasil. De acordo com informações da Folha de S.Paulo, as novas regras exigem relatórios nos quais constem o posicionamento político de artistas, o comportamento deles nas redes sociais, “possíveis pontos de polêmica de imagem para a Caixa” e outros “pontos polêmicos” sobre as obras.
A Folha teve acesso ao documento que mostra que devem ser levantadas informações de “possíveis riscos de atuação contra as regras dos espaços culturais, manifestações contra a Caixa e contra governo e quaisquer outros pontos que possam impactar”.
A Secretaria de Comunicação (Secom) do Governo Federal e a superintendência da Caixa em Brasília analisam os relatórios. Questões sobre sexualidade, gênero, período militar e sobre outros temas que não agradam ao presidente Jair Bolsonaro devem ser informadas.
Após elaborado, o relatório iria então para a superintendência da Caixa em Brasília, que poderia barrar ou aprovar o projeto. Nenhum projeto poderá ser contratado sem tais avais.
De acordo com o Observatório da Censura à Arte, ao menos 15 projetos teatrais foram cancelados no Brasil, apenas no segundo semestre de 2019. “Abrazo”, “Gritos” e “Lembro Todo Dia de Você” tinham em comum questões e imagens sobre sistemas autoritários e sexualidade.