Cabral revela recebimento de propinas “desconhecidas do MPF”
Durante depoimento nesta quinta-feira, o ex-governador apresentou ainda uma nova versão sobre a Farra dos Guardanapos em 2009
atualizado
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O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) foi interrogado nesta quinta-feira (23/05/2019) na Operação C’Est Fini, desdobramento da Lava Jato no Rio, que faz alusão à Farra dos Guardanapos. As informações são do G1.
Durante o depoimento do ex-governador, ele revelou propinas que o Ministério Público Federal (MPF) desconhecia. Cabral apresentou ainda uma nova versão para os motivos do episódio dos Guardanapos.
O ex-parlamentar voltou a afirmar que recebeu R$ 1,5 milhão de propina do empresário Georges Sadala. Sadala é um dos sócios da empresa Poupa Tempo, assim como Luis Carlos Bezerra, um dos principais operadores do ex-governador no esquema de corrupção.
“Implementei aqui no Rio [o Poupa Tempo] com uma licitação direcionada para benefício dessa sociedade em que a empresa do [Georges] Sadala é sócio, o que foi dito pelo [operador Luiz Carlos] Bezerra é verdade. A ação do MPF fala em propina de R$ 1,3 milhão. Houve essa propina, mas na verdade foi de R$ 1,5 milhão. [O empresário] Arthur Soares [conhecido como Rei Arthur] também participou da sociedade”, garantiu Cabral.
O ex-governador está preso desde novembro de 2016 e condenado a 197 anos e 11 meses de prisão.
Imóveis
O ex-governador falou que, dentre as negociações com Sadala, ele obteve propina de R$ 6,5 milhões. “Quero adiantar que sou proprietário com Sadala de dois imóveis: um em Ipanema em nome dele, um terreno próximo à Rua Vinicius de Moraes, um terreno em que nada foi construído até hoje, um prédio de quatro andares, sou proprietário de metade”, confirmou.
Cabral falou que o sócio da Poupa Tempo e suposto pagador de propina tinha “dificuldade” de pagar em dinheiro: “Ele pagou, fruto de combinações, uma viagem comigo e com minha mulher em 2015 à Turquia e depois fomos a Paris e ele pagou o hotel, inclusive, o frete do avião particular de Capadócia para Paris. Isso tudo ele pagou com o [cartão de crédito] American Express dele dos EUA”.
A Farra dos Guardanapos
Sob esse nome, ficou conhecido um jantar realizado em Paris em setembro de 2009, do qual participaram Cabral, então governador do Rio, alguns secretários e correligionários e empresários que mantinham contratos com o estado. Vários foram fotografados com guardanapos na cabeça, daí a forma como o episódio ficou conhecido.
No depoimento, o ex-governador disse que a comemoração dos guardanapos teve como motivo a recente gravidez da esposa de um dos presentes.