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Brasil pode perder investimentos árabes com embaixada em Jerusalém

Presidente da Câmara de Comércio diz que mudança pode abrir as portas para países concorrentes no setor de proteína animal

atualizado

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THOMAS COEX/AFP
ISRAEL-PALESTINIAN-JERUSALEM-CONFLICT
1 de 1 ISRAEL-PALESTINIAN-JERUSALEM-CONFLICT - Foto: THOMAS COEX/AFP

A mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém pode “riscar” as relações comercias entre o Brasil e os países árabes, de acordo com Rubens Hannun, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. As informações são da Folha de S. Paulo.

Em entrevista a um jornal israelense, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que “Israel é um Estado soberano. Vocês decidem que é sua capital e nós vamos segui-los”.

De acordo com a Folha, juntos, os países árabes são o segundo maior comprador de proteína animal brasileira. Em 2017, as exportações somaram US$ 13,5 bilhões e o superávit para o Brasil foi de US$ 7,17 bilhões. Para Hannun, a mudança da embaixada pode abrir as portas para países concorrentes do Brasil no setor de proteína animal, como Turquia, Austrália e Argentina.

“Já tivemos ruídos com a [Operação] Carne Fraca e com a paralisação dos caminhoneiros, mas conseguimos superar. Temos a fidelidade dos países árabes”, afirma. Para Hannun, porém, a questão da embaixada é algo muito mais forte e sensível.

O mal-estar gerado pelo alinhamento do governo Bolsonaro à decisão de Israel de mudar a capital de Tel Aviv para Jerusalém, segundo o presidente da câmara de comércio, pode espantar os planos árabes para o Brasil. Além do risco de perda nas vendas, Hannun afirma que o país pode deixar de receber investimentos em infraestrutura dos países árabes.

Ele diz que pretende apresentar um estudo ao novo governo com os projetos de investimento da Liga Árabe no Brasil. “Cerca de 40% dos fundos soberanos estão nesses países e eles já demonstraram interesse em investir em infraestrutura no país, como estradas, ferrovias e elétricas. São planos futuros que podem ser cortados”, diz.

O futuro governo tem planos para o setor. Segundo assessores, as primeiras obras tocadas devem ser a conclusão da BR 163 —que o agronegócio quer pronta rapidamente por ser a principal via de escoamento da safra do Centro-Oeste – e a concessão de ferrovias para a iniciativa privada, para que possam se conectar a portos, caso da Ferrovia Norte-Sul, Fiol, Ferrogrão e Fico. O governo ainda discute a criação de um superministério de Infraestrutura.

Outros países
Estados Unidos e Guatemala transferiram suas embaixadas para Jerusalém em maio, um passo polêmico que significa reconhecer a cidade como capital. ​Israel considera toda a cidade de Jerusalém como sua capital, enquanto os palestinos aspiram tornar Jerusalém Oriental a capital do seu futuro Estado.

Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra de 1967 e posteriormente a anexou, ato nunca reconhecido pela comunidade internacional. Para a comunidade internacional, o status da Cidade Sagrada deve ser negociado por ambas as partes e as embaixadas não devem se estabelecer lá até que um acordo seja alcançado.​

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