Brasil está mais Walking Dead do que House of Cards, diz procurador
Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Lava Jato, fez um paralelo entre a política nacional e a série de zumbis
atualizado
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O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, escreveu em seu perfil no Facebook que “não há como comparar a crise brasileira com a série House of Cards”.
Para Carlos Lima, “o que vivemos hoje está mais para The Walking Dead, onde hordas de mortos-vivos, apodrecidos de alma e corpo, passam entre nós, contaminando tudo que poderia ser bom com o vírus da imoralidade e da corrupção”. O procurador subscreve o post como “Carlos Fernando dos Santos Lima, cidadão”.
Chama-se “o cadáver insepulto” o título que o procurador deu à longa análise que fez do cenário do País mergulhado em um ambiente de incertezas. Ele postou suas impressões ontem.
“Falo isso hoje como cidadão, e não como procurador da República e membro da força-tarefa da Lava Jato”, ressaltou. “Essa história de horror tem que acabar. Não é possível admitir mais que esse cadáver do sistema político-partidário continue a apodrecer tudo o que toca.”
“Nenhum motivo existe para que o Brasil conviva com isso como se estivéssemos sempre fadados a essa podridão e mau cheiro”, segue o procurador. “Nem me venham dizer que devemos tapar o nariz para isso, na esperança de uma volta à normalidade do sistema econômico.”
Adiante, o procurador fala do episódio mais explosivo da Lava Jato, a Operação Patmos, que mira o presidente Temer, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) e o deputado Rocha Loures (PMDB/PR) – o executivo Joesley Batista, da JBS, gravou conversa com Temer na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu.“Nem também me digam que as gravações de Michel Temer não são estarrecedoras. Nenhum relativismo moral justificaria uma conversação onde são explicitadas as bases de tudo o que de errado, podre e vil a Operação Lava Jato tem tentado mostrar”, diz o procurador.
“Os que desejam fechar os olhos hoje, em uma cegueira ética intencional, são os mesmos que aplaudiam as investigações que revelaram a podridão dos governos do PT. Igualaram-se abjetamente aos que acusavam a Lava Jato de parcialidade contra o governo Dilma e Lula.”
Carlos Lima sustenta que “as motivações econômicas não podem justificar que esses cadáveres insepultos continuem entre nós”.
“Suas vísceras expostas enojam, seus costumes obscenos desvirtuam, a sua sujeira contamina. Devemos lutar contra TODOS eles, enterrando-os definitivamente para que, sepultados pela democracia, tenhamos realmente oportunidade de um futuro são”, prega.
O procurador faz um alerta. “Se não fizermos isso, corremos todos nós o risco de que sejamos um país de zumbis morais, que nem coragem de olhar um espelho teremos, com medo de ver que nos tornamos apenas um reflexo decaído de alguém que um dia se pensou ético.”
“Basta. Basta. Basta. Cumpramos a Constituição e nos livremos do mal. Amém.”
Ele ainda registrou um Pos Scriptum. “Aqueles que não gostarem do que escrevi e constarem de minha lista no Facebook, por favor desfaçam a amizade. Para mim ficaria difícil fazer isso um por um. Obrigado.”