“Brasil” e “Previdência” dominaram pronunciamentos de Bolsonaro
Presidente usou a cadeia nacional de rádio e televisão quatro vezes este ano. Ele se defendeu de críticas e apostou no nacionalismo
atualizado
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Interrompemos nossa programação para o pronunciamento do excelentíssimo senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.
Toda vez que essa mensagem é anunciada no rádio e na televisão, o chefe do Palácio do Planalto “abre um canal direto” de comunicação com a população, apesar de as redes sociais serem a plataforma mais usual de fala do presidente.
Bolsonaro, ao longo de 2019, realizou quatro pronunciamentos oficiais — sem contar com a tradicional mensagem de Natal. O Planalto confirmou a gravação, mas não adiantou a data e o conteúdo do discurso.
Contagem de palavras realizada pelo (M)Dados, núcleo de tratamento de grande volume de informação do Metrópoles, mostra que o presidente adotou um discurso nacionalista e em defesa da principal conquista do governo: a reforma da Previdência. Os termos mais usados foram “Brasil” e “Previdência”. Os termos aparecem 10 e nove vezes, respectivamente.
Outras palavras completam a oratória: governar (7 vezes), país (7), brasileiro (6), Amazônia (6), queimar (5) e aposentar (5) completam o ranking.
O primeiro discurso de Bolsonaro foi em 20 de fevereiro. Ele saiu de defesa da reforma da Previdência. À época, o governo tinha enviado a proposta, que mais tarde seria aprovada, ao Congresso Nacional.
“Hoje, iniciamos o processo de criação de uma nova Previdência. É fundamental equilibrarmos as contas do país para que o sistema não quebre, como já aconteceu com outros países e em alguns estados brasileiros”, afirmou.
Quando o texto-base foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Bolsonaro voltou ao tema. O pronunciamento ocorreu em 24 de abril.
No discurso, o presidente se limitou a agradecer os parlamentares que votaram à favor das mudanças e versou sobre a importância da aprovação da reforma. Essa foi a primeira vez que o presidente deixou as redes sociais e agradeceu os parlamentares em emissoras de televisão e rádio.
“Agradeço o empenho e trabalho da maioria dos integrantes da comissão e o comprometimento do presidente (da Câmara dos Deputados) Rodrigo Maia (DEM-RJ)”, disse Bolsonaro.
No mês seguinte, Bolsonaro voltou à cadeia nacional de rádio e televisão para explicar os benefícios da medida provisória da Liberdade Econômica, assinada em 1º de maio, Dia do Trabalhador. O presidente classificou o ato como “compromisso” com os brasileiros.
O presidente disse ainda que espera ultrapassar as “dificuldades iniciais, que são naturais na transição de governo, especialmente se as concepções políticas são antagônicas”. No pronunciamento, de cerca de dois minutos, o presidente também disse que estará atento para não decepcionar o Brasil, que “elegeu a esperança”.
O presidente também destacou que a medida restringe o papel do Estado no controle e na fiscalização da atividade econômica.
O mais recente pronunciamento de Bolsonaro ocorreu em meio à crise das queimadas na Floresta Amazônica. À época, o governo recebeu críticas de países que financiam projetos ambientais e de ONGs do setor pela demora em combater o fogo.
Bolsonaro disse que os incêndios não poderiam servir de pretexto para sanções internacionais. No pronunciamento, o chefe do Planalto afirmou que o Brasil é um “país amigo de todos e responsável pela proteção da Floresta Amazônica”.
França, Irlanda, Alemanha, Canadá e Estados Unidos declararam preocupação com o aumento do desmatamento e do número de incêndios na Amazônia.
Segundo Bolsonaro, o governo dele é “tolerância zero” com a criminalidade, e com a “área ambiental não será diferente”.
Versão oficial
A reportagem entrou em contato com o Palácio do Planalto, mas a Secretaria de Comunicação da Presidência da República não quis comentar o assunto. O espaço continua aberto a manifestações.
A equipe não confirmou a data, tampouco adiantou o conteúdo do discurso da mensagem de Natal de Bolsonaro. No ano passado, o ex-presidente Michel Temer (MDB) disse que deixava o cargo “com a alma leve e a consciência do dever cumprido”. Para ele, “valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido”.
“Podem estar certos de que não poupei esforços, nem energia e sei que entrego um Brasil muito melhor do que aquele que recebi. Ficam as reformas e os avanços, que já colocaram o nosso País em um novo tempo”, destacou.