Bolsonaro volta a ironizar texto em defesa da democracia: “Cartinha”
Em visita à Câmara dos Deputados, presidente defendeu que “nenhum daqueles que assinam cartinhas por aí se manifestaram na pandemia”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ironizar, nesta quarta-feira (3/8), o manifesto “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, que chamou de “cartinha”. O mandatário do país afirmou, em evento da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), que “nenhum daqueles que assinam cartinhas por aí se manifestaram na pandemia”.
“Vocês todos sentiram um pouco do que é ditadura. E nenhum daqueles que assinam cartinhas por aí se manifestaram naquele momento. Nós continuamos dentro das quatro linhas, por vários motivos: porque acreditamos em nosso povo e, acima de tudo, acredito e acreditamos em nosso Deus”, completou o chefe do Executivo em visita à Câmara dos Deputados.
O documento no qual Bolsonaro se refere é organizado por juristas e pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), e está próximo de bater um milhão de assinaturas em apoio. O manifesto foi elaborado com o intuito de defender a democracia e as urnas eletrônicas, constantemente atacadas pelo presidente.
“Fizeram barbaridades”
Antes, Bolsonaro classificou as medidas restritivas impostas por governadores para conter o avanço da Covid-19 de “arbitrariedades”. “Vimos durante a pandemia as arbitrariedades cometidas por alguns chefes do Executivo pelo Brasil. Retiraram o direito de ir e vir, fecharam igrejas, prenderam mulheres, fizeram barbaridades”, criticou.
“Ninguém falou a palavra democracia. Tudo podia ser feito. Eu, respeitosamente, vocês sabem, fui contra tudo isso. Até quando certos direitos foram suprimidos por alguns prefeitos e governadores, direitos esses, que nem eu, caso tivesse apoio do Parlamento e aprovasse o decreto de Estado de Sítio – teria esse poder”, acrescentou.
Além de Bolsonaro e parlamentares da bancada evangélica, estiveram presentes: o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; o secretário de Governo, Célio Faria Júnior; e os ex-ministros Onyx Lorenzoni e Flávia Arruda.
“Não queiram minha cadeira”
Em outro momento, Bolsonaro disse ser vítima de “ataques, covardia e perseguições”. “Digo a colegas: não queiram minha cadeira. Sofrimento, ataques, covardia, perseguições, tudo acontece. Em especial porque buscamos redirecionar país. São consequências de guerra lá fora, seca, mesmo assim Brasil vai bem”, enfatizou.
“Mas não podemos esquecer lado espiritual. Aqueles que acham e dizem que liberar drogas é solução pra desencarceramento, aqueles que falam em ideologia de gênero com tremenda naturalidade. Não podemos admitir que crianças de 6 anos de idade sejam sexualizadas. Queremos pros nossos filhos que cresçam saudáveis e também respeitadores e respeitados no futuro, que formem suas famílias, sigam nossas tradições, sejam úteis e estejam ao lado da palavra do criador”, prosseguiu.