Bolsonaro volta a insistir em remédios sem eficácia contra a Covid-19
Durante cerimônia no Palácio do Planalto, presidente fez o uso da máscara de proteção, mas retirou o equipamento para discursar
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender, nesta quarta-feira (10/3), o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a Covid-19.
A declaração foi feita durante cerimônia, no Palácio do Planalto, para sancionar medidas que ampliam a capacidade de aquisição de vacinas contra a Covid-19 pelo governo federal e pelo setor privado (leia mais abaixo). Diferentemente de outros eventos, todos os convidados, inclusive Bolsonaro, fizeram o uso de máscara de proteção. O presidente retirou o equipamento na hora de discursar.
Em seu discurso, Bolsonaro disse que “existem tratamentos opcionais” que “têm que ser buscados”. “Jamais devemos admitir ou orientar que aquela pessoa infectada vá para casa e só retorne ao hospital quando estiver sentindo falta de ar. Quando estiver sentindo falta e ar já é um sintoma grave da doença”, declarou.
Bolsonaro defendeu que o médico tem “o direito e o dever” de receitar um medicamento, ainda que sem eficácia, caso o paciente assim o queira.
“O médico sabe, aprendeu, tem o direito e o dever de medicar todo aquele que o procura na busca de uma doença ainda não totalmente conhecida, ainda não contendo um medicamento com a sua certificação, com a sua comprovação científica, buscar uma alternativa para tal”, afirmou o presidente.
O chefe do Executivo voltou a falar que mais de 200 funcionários da Presidência foram infectados pela Covid-19 e todos, inclusive ele, buscaram o “tratamento imediato” com uma “cesta de produtos”, citando, assim, medicamentos que não tem eficácia comprovada contra a doença.
“[Ao tomarem os remédios, os funcionários] tiveram sucesso. Desconheço que uma só pessoa deste prédio tenha ido ao hospital para se internar”, prosseguiu.
Sanção de projetos
Na cerimônia desta quarta, o presidente Jair Bolsonaro sancionou duas propostas que ampliam a capacidade de aquisição de vacinas contra a Covid-19 pelo governo federal e pelo setor privado.
Até a última atualização deste texto, as sanções não haviam sido publicadas no Diário Oficial da União (DOU) e o Palácio do Planalto também não havia informado se houve vetos às propostas.
Um dos textos sancionados, o projeto de lei 534 de 2021, permite a compra de vacinas pela iniciativa privada, desde que as doses sejam integralmente doadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) durante a fase de imunização dos grupos prioritários. Após essa etapa, as empresas poderão administrar o imunizante gratuitamente.
A proposta de autoria de Pacheco também autoriza que União, estados e municípios assumam os riscos de serem responsabilizados por eventuais efeitos negativos provocados por vacinas contra a Covid-19 aplicadas na população brasileira.
A outra proposta, a medida provisória 1.026 de 2021, facilita a compra e o registro de vacinas contra a Covid-19 junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A tramitação da MP no Congresso Nacional foi concluída na semana passada, quando os senadores aprovaram a proposta. O texto permite a dispensa de licitação e traz regras flexíveis para a compra de insumos para imunização.
Além disso, a medida também estabelece um prazo de sete dias úteis para que a Anvisa decida se aprova ou não vacinas para uso emergencial no Brasil que tenham sido aprovadas em outros países.
O dispositivo foi desenhado para facilitar a aprovação da Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia, e da Covaxin, do laboratório Bharat Biotech, na Índia. A MP dispensa a necessidade da conclusão da fase 3, mas exige relatório técnico das autoridades internacionais que comprove os padrões de qualidade do produto.
Na manhã desta quarta, o diretor-presidente da agência sanitária, Antonio Barra Torres, se reuniu com Bolsonaro. Na ocasião, Barra Torres pediu a sanção da medida, sem o indicativo de vetos à proposta.