Bolsonaro volta a chamar comandante Ustra de “herói nacional”
Na época da ditadura, o militar comandou o órgão de repressão do regime e chegou a ser condenado por tortura
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a chamar de “herói nacional” o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi, órgão de repressão a opositores durante a ditadura militar. Ustra, que morreu em 2015, chegou a ser condenado por tortura dentro da unidade que chefiava no governo militar.
Nesta quinta-feira (08/09/2019), Bolsonaro receberá no Palácio do Planalto a viúva do coronel, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra. O presidente rasgou elogios à mulher do militar.
“Tem um coração enorme. Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, disse o presidente, ao sair do Palácio da Alvorada.
No período em que esteve na chefia do DOI-Codi, entre 29 de setembro de 1970 e 23 de janeiro de 1974, pelo menos 45 pessoas morreram ou desapareceram, de acordo a Comissão Nacional da Verdade, que apurou casos de tortura e sumiço de presos políticos durante os governos militares.
Recorrente
As referências de Bolsonaro a Ustra são frequentes. Quando deputado federal, ele chegou a responder processo no Conselho de Ética da Câmara pelos elogios que fez ao coronel durante seu voto pela abertura de processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
“Pela família e inocência das crianças que o PT nunca respeitou, contra o comunismo, o Foro de São Paulo e em memória do coronel Brilhante Ustra, o meu voto é sim”, proclamou Bolsonaro na ocasião.
Ao ser processado, Bolsonaro repetiu os elogios perante o conselho, que acabou arquivando o processo contra o então deputado federal.
“Conheci e fui amigo do Ustra. Sou amigo da esposa dele, sou uma testemunha viva de toda essa história do que queriam fazer com nosso país, o que o PT fez com as doutrinações nas escolas. Sou exemplo vivo da história brasileira. O coronel recebeu a mais alta comenda do Exército, é um herói brasileiro. Se não concordam, paciência”, disse Bolsonaro em discurso na sessão do conselho.