Bolsonaro volta a atacar Carta: “Nota política em ano eleitoral”
Em live, presidente disse que, se documento em defesa da democracia não tivesse “viés político”, o assinaria “sem problema nenhum”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a carta assinada por ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), empresários, banqueiros e artistas em defesa da democracia e do processo eleitoral.
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira (28/7), o atual titular do Palácio do Planalto procurou novamente minimizar o documento, afirmando se tratar de uma “nota política em ano eleitoral” e que tem o objetivo de “politizar o momento”.
“Olha, quem é contra a democracia no Brasil? Em três anos e meio, algum ato meu contrário à democracia? Eu acho que nós temos o contrário, de outras pessoas contrárias à democracia. Nós somos pela transparência, pela legalidade, nós respeitamos a Constituição”, afirmou.
Na sequência, o presidente acrescentou: “O que foi essa nota? Não entendi. Agora, foi um nota política em ano eleitoral. […] Se não tivesse o viés politico nessa nota, eu assinaria, sem problema nenhum”.
Veja o momento:
Bolsonaro lamenta nota pró-democracia da Fiesp. “Não consigo entender, estão com medo do quê?”
Em live nesta quinta-feira (28), presidente afirmou que assinaria o documento se não houvesse o que ele classificou como “tom eleitoral”.
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— Metrópoles (@Metropoles) July 28, 2022
Bolsonaro reclamou que a carta é “claramente contra a minha pessoa” e centrou ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na corrida presidencial. “[A carta] é favorável a um ladrão. Não vou falar quem é esse ladrão, que endividou a Petrobras e meteu a mão na Caixa e no BNDES. É isso o que essa nota está apoiando: é melhor estar num país de ladrões democráticos, segundo eles, do que estar num país que tem uma pessoa honesta”.
“Não precisamos de cartinha”
Nessa quarta-feira (27/6), o presidente Jair Bolsonaro se manifestou sobre a carta pela primeira vez. Durante convenção partidária do Progressistas, na Câmara dos Deputados, o chefe do Executivo federal afirmou que não precisa escrever uma “cartinha” para falar que defende a democracia brasileira.
“Vivemos em um país democrático, defendemos a democracia. Não precisamos de nenhuma cartinha para falar que defendemos a democracia, e que queremos, cada vez mais, nós, cumprir e respeitar a Constituição”, discursou Bolsonaro.
“Não precisamos, então, de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que o nosso caminho é a democracia, é a liberdade, é o respeito à Constituição”, declarou.
Carta em defesa à democracia
A divulgação de uma Carta em Defesa da Democracia se tornou um dos principais fatos políticos da semana no Brasil por representar ampla união de ideologias políticas distantes uma das outras em quase tudo, mas consensuadas em apoio ao sistema eleitoral brasileiro.
Formulado por professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o documento recebeu o apoio de políticos de esquerda e de direita, de economistas ortodoxos e heterodoxos; de advogados lavajatistas e garantistas e até mesmo de personagens que já estiveram ligados ao governo de Jair Bolsonaro.
Sem citar nomes justamente como tática para atrair uma ampla gama de apoios, a carta afirma que o Brasil “está passando por um momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”.
O texto defende as urnas eletrônicas ao dizer que “o processo de apuração no país tem servido de exemplo no mundo, com respeito aos resultados e transição republicana de governo”.