Bolsonaro via em Ramos “dificuldade no linguajar com o Parlamento”
Ciro Nogueira assumirá comando da Casa Civil, Segundo o presidente, ele fará um “brilhante trabalho de aproximação” com o Congresso Nacional
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (27/7) que o atual ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, tinha “dificuldade” no “linguajar com o Parlamento” e que o futuro ministro da pasta, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), fará um “brilhante trabalho de aproximação” com o Congresso Nacional.
“O general Ramos é uma excepcional pessoa. Eu o conheço desde 1973. Agora, o linguajar com o Parlamento, ele tinha dificuldade. É a mesma coisa de você pegar o Ciro Nogueira para conversar com os generais do Exército brasileiro. O Ciro não vai saber conversar com eles, apesar da boa vontade dele”, disse Bolsonaro, durante entrevista à Rede Nordeste de Rádio.
“O Ramos foi para outro ministério aqui do lado e entrou o Ciro, com uma experiência de vida que ele tem. […] Ele vai fazer um brilhante trabalho de aproximação e melhor entendimento com o Parlamento brasileiro”, prosseguiu.
Mais cedo, nesta terça, o senador Ciro Nogueira se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro e informou que aceitou o convite do chefe do Executivo federal para chefiar a Casa Civil.
O parlamentar é presidente do PP, um dos partidos da base de apoio do governo no Congresso, e é um dos principais líderes do Centrão. A nomeação deve ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) nos próximos dias. A data de posse ainda não foi marcada.
A nomeação do presidente do PP havia sido anunciada na última quarta-feira (21/7), dentro de uma pequena reforma ministerial. Ciro Nogueira vai assumir a pasta hoje comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos. Este, por sua vez, será realocado na Secretaria-Geral da Presidência da República, chefiada por Onyx Lorenzoni, que vai para o Ministério do Trabalho e Previdência, órgão a ser recriado.
A mudança pegou o general Ramos de surpresa. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele disse que não tinha conhecimento da troca e afirmou que foi “atropelado por um trem”. “Eu não sabia, estou em choque. Fui atropelado por um trem, mas passo bem”, assinalou.
Ramos é amigo pessoal do presidente Bolsonaro. O general assumiu a Secretaria de Governo (Segov) em meados de 2019. Como o militar não tinha experiência política, o seu fraco desempenho o levou a ser substituído pela deputada federal Flávia Arruda (PL-DF). Em março de 2021, ele foi para a Casa Civil.
“Sinal de Deus”
Durante a entrevista, Bolsonaro ainda afirmou que o fato do avião de Ciro Nogueira ter apresentado um problema foi um “sinal de Deus” para ele assumir o comando da Casa Civil.
O senador e o presidente se reuniriam na tarde dessa segunda-feira (26/6), mas após a pane no avião que transportava o senador do México, onde Ciro passava férias com a família, para o Brasil, o encontro precisou ser remarcado para esta manhã.
“O Ciro, há três dias, viu a morte também ao seu lado, quando ele, em pleno voo, viu uma turbina do avião que explodiu em pleno voo. Ele me contou do desespero, da agonia de quem estava ao seu lado. Ele também ficou preocupado”, declarou o presidente.
“E nesse momento é aquele que você realmente procura se encontrar. ‘De onde vim? Para onde vou? Como está a minha vida?’ […] O Ciro relatou isso para mim. Então foi um sinal de Deus. Um dia depois do convite que eu fiz para ele [assumir a Casa Civil], [teve] esse problema com o avião”, afirmou.
Segundo Bolsonaro, Ciro Nogueira afirmou que assumir um ministério como a Casa Civil era um “sonho”.
“O Ciro está feliz. Ele me falou que o sonho dele era ocupar um ministério como esse. E dizer que não é o Ministério de Minas e Energia, onde o orçamento é bilionário, não é Transporte, não é Desenvolvimento Regional… É a chefia da Casa Civil. É a alma do governo. É realmente a nossa interlocução com o Parlamento brasileiro de forma salutar, e não de forma comprada como ocorria no passado”, disse Bolsonaro.