Bolsonaro tenta escapar de responsabilidade sobre indicações para o Centrão
Segundo o presidente, 30 mil servidores são nomeados e muitos ele não sabe a que partidos pertencem
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (03/06) que não pode ser responsabilizado por todas as nomeações feitas pelo governo, ao ouvir de um apoiador que a imprensa aponta a existência de um “gabinete do ódio” dentro da Presidência da República. Bolsonaro reclamou de ser responsabilizado pelas nomeações que tem feito para agradar o chamado Centrão e, assim, obter base no Congresso.
“Admite um cara na ponta de não sei onde, o cara é filiado não sei ao quê. O pessoal me critica”, reclamou o presidente. “Eu sou responsável por 30 mil servidores que são comissionados em todo Brasil. Entrou um cara no Banco do Nordeste agora. Trocou a Suframa. Saiu um coronel e entrou um cara. O general que está na Suframa não é do Centrão”, disse Bolsonaro a apoiadores que o aguardavam na porta do Palácio da Alvorada.
O presidente se referiu a nomeações como a do novo presidente do Banco do Nordeste, Alexandre Borges Cabral, indicado pelo Centrão para ocupar o cargo. Cabral é um dos alvos de uma apuração conduzida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar suspeitas de irregularidades em contratações feitas pela Casa da Moeda durante sua gestão à frente da estatal, em 2018. O prejuízo é estimado em ao menos R$ 2,2 bilhões.
Já em relação à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o presidente estava se referindo à substituição do coronel Alfredo Menezes pelo general Algacir Polsin, que foi recentemente para a reserva, ele respondia pela 4ª Região Militar e também pelo Comando Militar da Amazônia.
Embora Bolsonaro tente se eximir da responsabilidade de cargos vendidos ao Centrão, até o momento, ele tem negociado de forma mais intensa com o PP e com o PL. Para os caciques desses partidos, Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto, respectivamente, o presidente já garantiu diretorias importantes de autarquias e bancos.
Embora ainda não tenha confirmado nenhum cargo, Roberto Jefferson, do PTB, já se mostra um defensor dos mais aguerridos do presidente.