Bolsonaro sobre nome para STF: “Não é só currículo, tem que ter afinidade”
Presidente voltou a defender o nome de Kassio Marques e disse que indicado deve tomar uma “cerveja ou Tubaína” com ele
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que usou o critério de “afinidade” e não apenas currículo ao indicar o nome de Kassio Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Executivo fez uma transmissão ao vivo do hotel de trânsito onde está hospedado no Guarujá, neste sábado (10/10) e foi entrevistada pela dona de uma página bolsonarista no Facebook, Alessandra Guimarães.
Bolsonaro não chegou a ser perguntado sobre Kassio Marques, mas fez questão de defender seu indicado, que tem sido alvo de críticas da ala mais radical entre seus apoiadores, mas é um nome que agrada ao Centrão.
“Tinha uns 10 currículos na minha mesa, eu ia optar por um. E eu até falei: olha, esse cara tem que tomar uma cerveja comigo ou Tubaína. O que eu transmito, se eu tô tomando uma Tubaína contigo, o que quer dizer? Que nós somos amigos”, disse à entrevistadora.
O mandatário disse, ainda, que não tratou do assunto com ninguém e vem estudando candidatos ao STF desde que assumiu a presidência. Ele ainda enumerou todas as principais críticas tecidas a Kássio e o defendeu de cada uma delas, dentre as quais a de “ser petista”, “desarmamentista” e por compor a turma do Tribunal Regional Federal que manteve o condenado por quatro assassinatos na Itália, Cesare Battisti, no Brasil.
“Eu não vou indicar um cara só pelo currículo. Vai chegar lá, vai ser o dono de si. Ele tem que ser independente, tudo bem, mas ele tem que ter essa afinidade comigo, que ele tem através da Tubaína ou da Coca-cola. Se nós estamos tomando refrigerante juntos, nós temos coisa em comum pra discutir. A questão do aborto, família, armamento, política externa, livre mercado, essas coisas”, finalizou.
Inconsistências no currículo
Indicado a vaga de Celso de Mello no STF, Kassio Nunes Marques informou no currículo que tem pós-doutorado em direito constitucional pela Universidade de Messina, na Itália, e que possui pós-graduação em Contratación Pública, na Universidad de La Coruña, na Espanha. No entanto, as instituições alegam que ele fez uma especialização e um curso de quatro dias, respectivamente.
Informação trazida no currículo do juiz do TRF-1 em relação à pós-graduação na Espanha foi rechaçada pela Universidad de La Coruña. Segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo, a instituição informou que Marques fez um curso com duração de quatro dias, intitulado “I Curso Euro-Brasileiro de Compras Públicas”.
Na sequência, o jornal O Globo informou que o título de pós-doutor também foi questionado pela universidade italiana. De acordo com o veículo, a instituição afirmou que Marques fez um curso de especialização, que tem a validade de um ciclo de seminários e, por isso, foi emitido um certificado – que não possui equivalência a algum grau acadêmico.