Bolsonaro sobre Moro: “Quero ver num carro de som falando com o povo”
Presidente ainda minimizou o ex-aliado como adversário nas eleições de 2022: “Não tenho acompanhado esse cara, não”
atualizado
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Embora até aliados de Jair Bolsonaro (sem partido) venham fazendo alertas constantes sobre o perigo de Sergio Moro (Podemos) tirá-lo do segundo turno de 2022, o chefe do Executivo federal demonstrou, nesta segunda-feira (22/11), desinteresse pelas agendas do adversário. “Não tenho acompanhado esse cara, não”, disse.
Durante conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada, o presidente ainda criticou o perfil de Moro, colocando em dúvida a capacidade do ex-juiz de dialogar com o povo.
“Ficou comigo [no Ministério da Justiça] um ano e pouco aí. Eu quero ver ele num carro de som falando com o povo. Só isso e mais nada. Não vou criticar ninguém, não”, disse.
Em suas falas, Bolsonaro tem considerado que Sergio Moro não terá força suficiente para ameaçá-lo, argumentando que seu ex-ministro não consegue convencer como um conservador de fato.
Eleições
Na conversa com simpatizantes, o presidente foi questionado por um apoiador como serão as eleições de 2022. Nem o simpatizante, nem Bolsonaro falaram em filiação partidária, mas o presidente respondeu: “Eu vou decidir em março”.
O presidente está sem partido há dois, desde que deixou o PSL, em 2019. No início deste mês, ele havia batido o martelo e decidido que iria se filiar ao Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto.
A cerimônia que formalizaria a filiação estava marcada para 22 de novembro, mas foi cancelada. O motivo foi o incômodo do presidente da República com possíveis alianças estaduais do PL em 2022. Entre elas, em São Paulo, onde a sigla planejava estar ao lado de Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de João Doria ao governo.
Na semana passada, dirigentes do PL se reuniram e deram “carta branca” a Valdemar Costa Neto para facilitar a filiação de Bolsonaro.
De acordo com o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, eles confiam que um consenso será atingido de forma rápida e que ocorrerão conversas diárias entre o chefe da sigla e o presidente até a filiação. A previsão vinha sendo de que, se tudo correr bem, a filiação ocorra até o fim do ano. A declaração de Bolsonaro ao apoiador, na noite desta segunda, torna o cenário ainda mais nebuloso.
Resolução em “até três semanas”
Na semana passada, durante agenda em Dubai, nos Emirados Árabes, Bolsonaro comentou o impasse sobre a filiação, mas disse que pretendia resolver a situação em no máximo três semanas.
“Eu espero, em pouquíssimas semanas, duas, três, no máximo, casar ou desfazer o noivado. Mas eu acho que tem tudo para a gente casar e ser feliz”, disse o presidente.
“O que acontece: alguns estados que, para mim, em uma possível eleição, se eu vier candidato, são vitais, como São Paulo. Ele tem um compromisso em São Paulo com candidatos que vão apoiar o atual governador [João Doria], se ele tiver o espaço lá no partido dele”, explicou.